quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A última de Waldemiro


                Acabo de escrever o título desta postagem e já me arrependo. Afinal como posso ter  certeza que essa é a última grande sacada de Waldemiro?  Mais de 24 horas já passaram desde que tomei conhecimento do fato. Para Waldemiro isso é uma eternidade. Sua cabeça é um vulcão de idéias.
                O dono da Igreja Mundial já vendeu toda espécie de quinquilharia sagrada: meias ungidas, toalhinhas mágicas, colher de pedreiro consagrada, fronhas abençoadas, o escambau.  Mas, previdente como um patriarca hebreu, Waldemiro sabe que não pode valer-se apenas do comércio, atividade dada aos humores do mercado e da moda. Além do mais, há a pirataria, o contrabando, a falsificação e o descuido dos fiéis, que podem acabar comprando um par de meias do Paraguai, ou uma toalhinha chinesa no camelô.        
                Por estes motivos Waldomiro não abandona o antigo, mas seguro, carnezinho.  Há de $50 e de $100. Estes, estão sempre com o fiel para ser pago em qualquer agência bancária ou mesmo no débito automático.
                Claro que não estamos falando do dízimo que  é sagrado, está nas escrituras e não há como escapar da vigilância de Deus nem dos anjos que trabalham para Waldemiro. Mas aí ele inovou. Criou o dízimo em dobro.
               O raciocínio é o seguinte:_ Os 10% que os fiéis entregam à igreja, são de Deus. O fiel apenas está devolvendo o que corresponde ao todo poderoso. Não lhe pertence. Então para estar em dia como dizimista, deve-se dar mais 10% da parte que pertence ao crente. Aí sim é dízimo. Com essa interpretação elástica do texto bíblico, Waldemiro mostra aos seus detratores, que não é tão fundamentalista assim.  Mas essa não é a “última” a que me referia no título.
                A grande inovação de Waldemiro Santiago é o dízimo sobre a renda que o fiel deseja ter. Não é uma maravilha?  Funciona como uma espécie de suborno. Deus já fica comprometido, não tem como falhar. Nem a Máfia italiana pensou em algo assim para vender sua proteção.
                Agora, cá entre nós, para propor uma coisa dessas não basta uma mente em constante ebulição, com a de Waldemiro, há que se ter uma cara de pau capaz de causar inveja ao próprio Edir Macedo. E ele tem. Com seu olhar enviesado, seu andar de caipira, o apóstolo cruza o palco de sua igreja e com voz pausada, mas firme, manda distribuir o saquitel para a arrecadação de ofertas. Não é saquinho nem envelopinho, é saquitel. Waldemiro dá também sua contribuição para o vocabulário neo-pentecostal. E tem saquitel para todos os gostos e bolsos; saquitel dourado, saquitel “dízimo dos montões”, saquitel “coluna da casa de Deus” e por aí vai.
                Pelo andar da carruagem, qualquer dia desses Marcus Valério vai pedir autógrafo pro Waldemiro. Êta, Jesus Maravilhoso.

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