quarta-feira, 20 de março de 2013

Danem-se os fatos



                Quando os fatos ameaçavam atrapalhar suas análises futebolísticas, Nelson Rodrigues soltava sua frase lapidar:_Danem-se os fatos. Ainda posso vê-lo, com o ar mais sério do mundo, destruindo as teses dos idiotas da objetividade com a frase genial.
                 Nelson Rodrigues foi um gênio da escrita e da fala. A locução, entre tantas que cunhou, bem mostra seu espírito de nadar contra a maré dos bem pensantes. Nelson podia negar os fatos e deles tirar o falso verniz da lógica postiça, da pretensa inexorabilidade.
                 Calazans, o comentarista esportivo, quando é posto diante do fato de Zico não ter ganhado um mundial, costuma dizer:_Dane-se a Copa do Mundo. O plágio, já é citado por muitos como original, e o jornalista vai se apossando do que não é seu. Mas isso é outro assunto.
                 Do que quero cuidar é da negação dos fatos por aqueles que, sem ter a genialidade de Nelson Rodrigues, querem nos fazer crer que tudo no mundo está corrompido por outras intenções. Os fatos nunca são fatos, apenas escondem os verdadeiros fatos que nunca vêm a lume. Foi isso que fizeram alguns petistas quando foi julgado o mensalão. Nada existia, senão uma manobra das elites e da imprensa golpista. Os autos do processo, prenhes de provas e até mesmo confissões, não eram um fato jurídico, o fato verdadeiro estaria escondido, e cada ministro que votou pela condenação da quadrilha, faria parte de algum esquema de encobrimento de uma realidade que nós, cretinos patológicos, não enxergávamos. O mesmo se dá agora com o caso do Pastor Marco Feliciano.
                 Tenho visto nas redes sociais, postagens que dizem que os fatos relacionados com a eleição do tosco parlamentar para presidir a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias, são irrelevantes. A rejeição ao nome de Feliciano e a cobertura que faz a imprensa da aberrante eleição, são, na verdade, uma cortina de fumaça para encobrir um escândalo ainda maior; a eleição de José Genoíno e João Paulo Cunha para a Comissão de Constituição e Justiça e da Cidadania da Câmara dos deputados.
                 Os que mais difundem essa negação dos fatos, são os sítios “informativos” evangélicos. Claro. A tese é encampada por Malafaia e afins. Mas o curioso é que gente insuspeita também adere à teoria da conspiração.
                 Ainda que muito do que se disse do Pastor Feliciano tenha saído na imprensa cuja oposição ao governo não só é assumida como propagada, insiste-se na conspiração.  Foi “O Globo” que apurou que o Pastor declarou no imposto de renda o valor de R$ 60.000 para a mansão que possui em Orlândia. A “Folha de São Paulo” publicou que Feliciano pagava pastores de sua seita com dinheiro da Câmara dos Deputados e deu o nome dos filizardos. Esquecem-se também os argutos comentadores que o partido de Feliciano, o PSC, é da base aliada do governo e que vários partidos, inclusive o PSDB, abriram mão de indicar representantes na comissão em favor do PSC. Mas são apenas fatos. Quem liga pra eles?




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