domingo, 3 de março de 2013

Marina Silva



                A primeira vez que vi Marina Silva, foi no programa do Jô Soares. Recém eleita senadora, mostrava uma simplicidade cativante. Além do mais era uma senadora que não provinha das elites do país, como costuma acontecer.
                Anos mais tarde, já como Ministra do Meio Ambiente, pude assistir outra entrevista sua. Marina havia mudado. Vestia uma roupa transada que não combinava com seu jeito de cabocla e falava numa linguagem “a nível de”. (Você sabe, aquele tipo de papo que nossa classe média usa para parecer intelectualizada e que, ao fim, apenas revela o vazio de idéias.) Marina havia adquirido “conceitos”.
                Na eleição presidencial passada, eu, como todos os eleitores, queria conhecer o pensamento de Marina e suas propostas, mas nos 45 dias de campanha eleitoral, o que dela ouvimos foi um discurso genérico sobre problemas ambientais que já estamos carecas de escutar.
               Questionada sobre temas polêmicos, Marina Silva subiu no muro e falou generalidades. Ela, que é evangélica, disse que, caso eleita, faria um plebiscito sobre a legalização do aborto. Quanto à união civil de pessoas do mesmo sexo, saiu-se com outra resposta do mesmo quilate.
                Se em 1904, Rodrigues Alves tivesse feito um plebiscito sobre a obrigatoriedade da vacinação, o povo, incluindo os estudantes de medicina, teria derrotado o parecer de Oswaldo Cruz e a varíola teria ceifado a vida de milhões de brasileiros.
                Na época, o congresso e o Presidente enfrentaram a revolta popular, e o resto é história. Pois é para isso que servem os dirigentes, para dirigir. Para isso devem se preparar os líderes, para liderar e não para andar a reboque do senso comum, do pensamento médio.
                Em sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva tampouco se notabilizou por posturas claras e decisões práticas. Seu sucessor, Carlos Minc, fez em poucos meses o que Marina apenas declarava que fazia. Minc, colheu a ira de latifundiários e madeireiros, sendo inclusive ameaçado de estupro pelo Governador André Puccinelli do Mato Grosso de sul. Marina não reconheceu os avanços ocorridos na gestão de Minc, pelo contrário. Segundo ela, tudo já havia sido feito ou iniciado durante sua passagem pelo Ministério e que Minc pegou “uma marmita bem recheada”. 
                A vaidade e os pronunciamentos sibilinos credenciam Marina Silva como figura política importante para os próximos anos.





Nenhum comentário:

Postar um comentário