segunda-feira, 6 de maio de 2013

A estupidez ao alcance de todos



                Às vezes eu não sei se é má fé ou burrice pura e simples. Como não gosto de pôr em dúvida a honra de ninguém, acabo por pensar que é a estupidez humana a causa de tantas declarações e argumentações que tenho escutado ultimamente. Veja o caso do Lobão.
                Em entrevista recente, o cantor (?) falou as maiores aberrações. Defendeu o golpe de 64 e deu uma versão dos fatos ocorridos àquela época que nem o próprio Bolsonaro seria capaz de dar. Lobão que já havia, em outra ocasião, minimizado a tortura dos presos políticos da ditadura, apenas manteve uma galopante coerência com o pensamento (?) de sua classe social.
                O problema é que os jornalistas, principalmente os da área de cultura, crêem que se o sujeito é famoso ele pode ser questionado sobre qualquer assunto. As opiniões de Caetano Veloso sobre política estão sempre sendo pedidas. Até o marido da Sandy, aquele da família Lima, eu já vi sendo entrevistado sobre a proibição de armas de fogo no Brasil. O que se pode esperar?
                Mas o buraco é mais embaixo quando os ”doutores” são chamados a opinar sobre os problemas da sociedade. É o que tem acontecido nesses tempos datênicos quando se discute a redução da maioridade penal. Não passa um dia sem que haja nos noticiários alguém dando sua douta opinião sobre o tema.
                Num recente debate na Globo News, um desses luminares defendia a tese da chibata e do pelourinho para os jovens infratores. Dizia o convidado de Mônica Valdvogel que adolescentes praticam crimes porque têm a certeza da impunidade. Enquanto ele falava, aparecia no pé da tela a relação de seus títulos e pergaminhos.
                Eu costumo respeitar todas as opiniões, mas nesse caso vou abrir uma exceção. O argumento me parece tão pueril que dá vergonha rebatê-lo. Se fosse como pensa esse senhor que nos brindou com seu arrazoado troncho, os presídios estariam vazios, pois os adultos sabem que podem ser punidos se forem apanhados cometendo delitos. Como sabemos, não é o caso.
                Outro argumento usado por aqueles que querem inaugurar novos campos de concentração, é que o jovem de hoje tem mais acesso à informação. E citam a internet, a TV a cabo, o cinema 3D, a fibra ótica, o escambau.
                Ora, até mesmo a mais crassa burrice tem seus limites. Não é possível que alguém pense que os jovens vão à internet para consultar a Enciclopédia Britânica ou o Anuário da Academia Brasileira de letras. E, ademais, quem tem acesso às novas tecnologias, à informação, à educação?  
                Sabe-se que mais de 90% dos menores infratores internados, sequer concluíram o ensino primário e que provêem das classes mais baixas. Menores infratores das classes abastadas, quando atropelam pessoas no ponto de ônibus ou nas praias com seus Jet Skis, não são candidatos às novas vagas que querem abrir nos presídios. A classe média não vê os seus filhotes que trazem exctasy da Europa como bandidos e sim como alguém com problemas, uma vítima da família desfeita ou do consumismo. E, claro, tem as más companhias.
                Muitos daqueles que até pouco tempo se posicionavam contra a redução da maioridade penal, hoje se mostram arrefecidos de ânimo. Diante dos coices de Datena, Magno Malta e outros da mesma espécie, se acanham, e já sentem pejo de defender a prevenção, a inclusão social e a educação como instrumentos de combate a violência juvenil. Aos poucos vão cedendo ao que a imprensa de direita chama de clamor da sociedade.

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