sexta-feira, 17 de maio de 2013

Marina bota tudo a perder



                Agora foi a vez de Marina Silva sair em defesa de Marco Feliciano. Marina disse que Feliciano é criticado por ser evangélico. Caberia perguntar à ex-senadora se ela ou Benedita da Silva ou Marcelo Crivela, ou Garotinho, já foram criticados por serem evangélicos assumidos. A resposta é, desenganadoramente, não.
                Claro que Marina Silva não responderia com um simples não se lhe fosse dirigida a pergunta. Seu linguajar sibilino a impediria. Marina assimilou, com gosto, o discurso típico dos políticos, e o executa com maestria. A entrevista que concedeu após a cerimônia de lançamento de seu partido, foi uma aula de murismo no melhor estilo tucano-kassabista.
                Mas agora, resolveu assumir uma posição clara e o resultado é o que assistimos: uma defesa desprovida de argumentos de uma das figuras mais grotescas da política nacional.
                Marina conquistou mais de 20 milhões de votos no último pleito para a presidência. Creio que poucos desses votos vieram do meio evangélico. Quem nela votou, o fez por sua identificação com a questão ambiental. Ninguém, nem seus adversários, questionaram sua condição religiosa.
                O que fez com que grande parte da sociedade rejeitasse a indicação de Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias foram suas declarações homofóbicas e racistas. Depois delas, veio a lume uma enxurrada de vídeos postados pelo próprio Feliciano e os de sua igreja, no youtube. Neles, Feliciano diz ver a mão de Deus no assassinato de John Lennon e no acidente que matou os rapazes dos Mamonas Assassinas. Também “profetiza” o fim das religiões de matriz africana, que os fundamentalistas cristãos vêem como manifestações demoníacas. Não satisfeito, Feliciano mentiu com relação à Caetano Veloso e à própria mãe. Ambos, Caetano e a mãe de Feliciano, vieram a público desmenti-lo.
                Ao contrário de Marina, que faz da questão verde uma plataforma política e com ela tenta angariar votos junto a variados setores da população afeitos a esse tema, Feliciano busca o apoio popular exclusivamente entre os crentes. Daí seu discurso retrógrado e obscurantista.
                Feliciano é apenas um tosco, um grosseiro oportunista. Não tem o discurso sinuoso de Marina, nem a vaselina de Crivela. No entanto, ele verbaliza, sem pejo, o pensamento dos seguidores das seitas pentecostais e com isso vem ganhando terreno junto a um eleitorado de cabresto, fiel e dado ao messianismo. Seu nome tornou-se nacionalmente conhecido e é admirado pelos evangélicos mais preconceituosos e obtusos.
                Tomando a defesa de Feliciano, Marina bota a perder sua inserção em setores da sociedade que são quase inexpugnáveis para um fundamentalista cristão e que, sem embargo, nunca haviam levado em conta sua religião. 

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