Agora foi a vez de Marina Silva sair em defesa de Marco
Feliciano. Marina disse que Feliciano é criticado por ser evangélico. Caberia
perguntar à ex-senadora se ela ou Benedita da Silva ou Marcelo Crivela, ou
Garotinho, já foram criticados por serem evangélicos assumidos. A resposta é,
desenganadoramente, não.
Claro que Marina Silva não responderia com um simples não se
lhe fosse dirigida a pergunta. Seu linguajar sibilino a impediria. Marina
assimilou, com gosto, o discurso típico dos políticos, e o executa com maestria.
A entrevista que concedeu após a cerimônia de lançamento de seu partido, foi
uma aula de murismo no melhor estilo tucano-kassabista.
Mas agora, resolveu assumir uma posição clara e o resultado
é o que assistimos: uma defesa desprovida de argumentos de uma das figuras mais
grotescas da política nacional.
Marina conquistou mais de 20 milhões de votos no último
pleito para a presidência. Creio que poucos desses votos vieram do meio
evangélico. Quem nela votou, o fez por sua identificação com a questão
ambiental. Ninguém, nem seus adversários, questionaram sua condição religiosa.
O que fez com que grande parte da sociedade rejeitasse a
indicação de Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias
foram suas declarações homofóbicas e racistas. Depois delas, veio a lume uma
enxurrada de vídeos postados pelo próprio Feliciano e os de sua igreja, no
youtube. Neles, Feliciano diz ver a mão de Deus no assassinato de John Lennon e
no acidente que matou os rapazes dos Mamonas Assassinas. Também “profetiza” o
fim das religiões de matriz africana, que os fundamentalistas cristãos vêem como
manifestações demoníacas. Não satisfeito, Feliciano mentiu com relação à Caetano
Veloso e à própria mãe. Ambos, Caetano e a mãe de Feliciano, vieram a público
desmenti-lo.
Ao contrário de Marina, que faz da questão verde uma
plataforma política e com ela tenta angariar votos junto a variados setores da
população afeitos a esse tema, Feliciano busca o apoio popular exclusivamente
entre os crentes. Daí seu discurso retrógrado e obscurantista.
Feliciano é apenas um tosco, um grosseiro oportunista. Não tem
o discurso sinuoso de Marina, nem a vaselina de Crivela. No entanto, ele
verbaliza, sem pejo, o pensamento dos seguidores das seitas pentecostais e com
isso vem ganhando terreno junto a um eleitorado de cabresto, fiel e dado ao
messianismo. Seu nome tornou-se nacionalmente conhecido e é admirado pelos
evangélicos mais preconceituosos e obtusos.
Tomando a defesa de Feliciano, Marina bota a perder sua
inserção em setores da sociedade que são quase inexpugnáveis para um fundamentalista
cristão e que, sem embargo, nunca haviam levado em conta sua religião.
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