Não li o livro do Nelson Mota sobre o Tim Maia. Não creio
que vá ler nenhum livro do Nelson Mota.Preconceito? É. Preconceito.
O que vi foi uma entrevista com o autor da biografia do
Síndico. Nela, Mota contava um episódio da vida do grande cantor. Dizia que Tim
Maia tinha, numa certa época, um carro meio arruinado e sempre levava bote da
polícia. Como sempre estava com um bagulho em cima, tinha de morrer numa grana
pros canas.
Um dia ele estava no tal carro com uma rapaziada. Todos
duros e a fim de tomar uma saideira. Quando passaram pelos canas de costume,
Tim Maia desceu do carro e foi levar um papo com os caras. Quando voltou tinha
um qualquer na mão. Tim Maia conseguira arrumar um dinheiro com os canas. Isso,
pra mim, é um diploma de malandragem. Tirar dinheiro de polícia é demais.
Mas mesmo um cara capaz de tal feito, um dia caiu no conto
da igreja. Nos anos 70, Tim Maia foi cooptado pela seita Cultura Racional.
Esta seita fundada pelo ex-umbandista Manoel Jacintho Coelho,
é uma dessas coisas bizarras que a gente não entende como consegue adeptos. Seu
líder é tratado pelos fieis como “racional superior” e só ele pode interpretar
os sinais do outro mundo. Escreveu 1000 livros. Alguns são apenas panfletos de
10 páginas, mas além das obras principais há os livros de réplicas e tréplicas
para que não reste dúvida sobre os ensinamentos do mestre racional e superior.
O livro famoso que Jacintho legou à humanidade foi “Universo em desencanto”.
No sítio da seita na internet, está explícito que só Manoel
Jacintho Coelho representa a Cultura Racional na terra, pois “só ele manifestou
o RACIOCÍNIO previamente desenvolvido” seja lá o que isso signifique.
Este monopólio das coisas do além nos faz lembrar da Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, os mórmons. Também nessa seita, o
seu líder e fundador, Joseph Smith, foi escolhido para representar os
interesses do Todo Poderoso entre os mortais.
Tal qual Moisés, que subiu ao monte e voltou com os 10 mandamentos,
Joseph Smith foi no mato para perguntar a Deus qual seria a igreja verdadeira.
Lá, o T. P. lhe disse que nenhuma das que existiam era verdadeira (e olha que
já tinha uma porção), nomeou-o profeta, lhe apresentou Jesus Cristo e mandou
que ele, Smith, restaurasse a igreja cristã.
Uma das coisas que distingue os mórmons de outras seitas
cristãs, é sua adesão à poligamia. Ora, até eu que sou mais bobo teria
inventado essa “restauração” dos velhos costumes hebreus se vivesse em meio a
uma sociedade puritana e avessa ao sexo como era e é a sociedade americana.
Quando tinha alguma dúvida sobre a opinião de Deus, Smith
consultava o fundo de uma cartola e via nela as respostas para todo tipo de
questionamentos. Só ele sabia ler cartolas.
Creio que essa parte da cartola vai aos poucos sendo
esquecida pelos mórmons. Não é à toa. É muita bizarrice. O mesmo
acontece com os seguidores da cientologia no que tange à origem de seu credo.
Muitos de seus membros desconhecem a teogonia da seita criada
por Ron Hubbard, um escritor de ficção científica que levou para o templo suas
viagens ficcionais.
O mito da criação do mundo dos cientologistas é dos mais
esdrúxulos já inventados. É ficção científica de segunda. Parece desenho
animado japonês, mas é religião.
Não sei se Hubbard obteve algum êxito como ficcionista, mas a cientologia é um sucesso entre as estrelas de Hollywood. Travolta, Tom Cruise e
até a gostosinha da Juliette Lewis, entre outros, fazem parte da elite dos
endinheirados que aportam verdadeiras fortunas para a seita que tem status de
religião não só nos EE.UU como em vários outros países do “primeiro mundo”.
Claro que religiões muito doidas não são privilégio dos
países ricos, pelo contrário. Aqui mesmo no Brasil, além da Cultura Racional,
temos, e exportamos, o Santo Daime.
Criação genuinamente cabocla, o Daime também recebe os
benefícios de ser uma religião. Até o uso da ayahuasca, que é droga para todo
mundo, foi permitido pelo então presidente Sarney como elemento de culto
religioso dos daimistas.
A morte do cartunista Glauco e de seu filho pelas mãos de
outro adepto da seita da qual ele, Glauco, era uma liderança, jogou alguma luz
sobre o Santo Daime e suas várias vertentes. Alguns de seus líderes foram
convidados para uma audiência pública na Câmara dos Deputados para falarem da morte de Glauco e dar algumas
explicações sobre a seita. O que se viu foi um bando de doidos de pedra fazendo
proselitismo e acusando-se uns aos outros de adulteração dos maravilhosos
princípios de Raimundo Irineu Serra, o fundador da seita amazônica e
estrambótica.
Mas nada, nada mesmo, se compara como a Legião da Boa Vontade
quando se trata de culto à personalidade e à sapiência de seu líder. Na TV da
seita não há um minuto sequer que o nome de Paiva Neto e seus títulos não sejam
mencionados. Até no programa que dá dicas de português no estilo Professor
Pasquale, os exemplos são colhidos da copiosa obra de Paiva Neto.
Em suas pregações, ele lê trechos dos próprios livros e não
da bíblia. Compõe músicas atrozes que são interpretadas por grande orquestra e
coro multitudinário nas celebrações mais importantes da seita. Foi ele quem
idealizou o monstruoso templo que tem pretensão de ser harmônico com a obra de
Niemeyer, em Brasília. Nas paredes do monstrengo estão incrustadas frases suas
que fariam corar o Conselheiro Acácio.
Agora, Paiva Neto deu para fazer pose de Chico Xavier.
Enquanto sua voz retumba numa entonação de profeta de filme de Cecil B. DeMille,
vemos no alto da tela de sua TV, o gênio com a mão na testa e movendo os lábios
como se estivesse psicografando mensagens do além.
Haja cara de pau.
Deus meu!é vivendo e aprendendo!
ResponderExcluirSerá mentira !ou será verdade ?