Qual a diferença entre a corrupção nos governos do PT e a
corrupção havida em governos anteriores? Me parece que nenhuma. Muitos dos
malfeitos, inclusive, vêm do passado, mudando apenas os titulares dos
ministérios, das estatais, das autarquias. Os corruptores são os mesmos, com
pequenas variações. Para usar a linguagem dos comentadores e palpiteiros de
agora, pode-se dizer que novos “players” aparecem para substituir alguns que já
não podem pôr a cara. Também na corrupção, não há vácuo.
Mesmo o mensalão, o caso mais rumoroso de corrupção, ainda
que menos danoso aos cofres públicos que outros, não foi criação do PT. Seu
operador, Marcus Valério, já havia prestado seus serviços ao governo tucano de
Minas e como mostraram suas sucessivas prisões enquanto a ação 470 era julgada,
continuava pondo seu esquema em funcionamento para quem se interessasse.
A corrupção seria o calcanhar de Aquiles das administrações petistas.
Pelo menos na ótica seletiva da oposição de direita. Fora isso, só as bobagens
bolsonarescas que pululam nas redes sociais como as referências ao porto de
Muriel, bolivarianismo e outras patacoadas.
A direita não pode
criticar o pouco caso do governo com relação aos índios, quilombolas, “deslocados”
para construção de represas e outras minorias sem voz. Isso a direita aprova
com um cínico silêncio. Isso a direita fez também. Então ela se agarra à
corrupção como se nos governos anteriores ela não tivesse existido. Apostam na
pouca idade de uns e na burrice de outros para entoar a cantilena enfadonha. E
tem gente que vai atrás.
Claro, isso que vai escrito não é mais que um exercício de
ingenuidade. O que a oposição de direita e quem nela finge acreditar odeiam no
PT não é a corrupção, não é o financiamento do Porto de Muriel, não é a
política externa de Lula e Dilma, não é o “bolivarianismo”. O que essa gente odeia são os pobres. A
relação estreita entre os governos do PT e as classes desfavorecidas.
A indignação seletiva no caso da corrupção é uma mera fachada
de ódio aos que recebem o Bolsa Família, às cotas nas universidades, ao acesso
de pessoas pobres aos bens de consumo e à cultura.
O que quer a classe média indignada não é a moralização da
coisa pública. Querem empregadas domésticas sem direitos nem opções de trabalho.
Querem porteiros submissos e sem instrução. Querem exclusividade nos seus
antros de consumo. Querem que uma viagem de avião lhes confira status social e
uma ida ao Municipal, ares de refinamento.
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