quarta-feira, 30 de março de 2016

Soou o alarme: há negros nas universidades públicas





            Nos EE.UU, na época da escravidão, era expressamente proibido ensinar um escravo a ler. Quem o fizesse estava sujeito a rigorosa punição. Não sei se havia tal proibição no Brasil. O livro que estou lendo sobre nossa história ( História da vida privada no Brasil) cita que os escravos daqui estavam proibidos de usar sapatos, mas nada diz sobre a proibição do letramento. Também nem era preciso. Por aqui a exclusão de toda a população pobre do mundo das letras cuidou disso.
            Há mais ou menos uma década, escutei de um militante do movimento negro que nos anos 70, por motivos de trabalho, sua família mudou-se do Rio para São Paulo. A família não era pobre e ele foi estudar numa das melhores escolas públicas da capital paulista. Ele era o único aluno negro da escola. Veja bem: não de sua turma, mas de toda escola que era pública. A escola pública de qualidade era (e em muitos casos ainda é) um feudo da classe média.
            E o que dizer então da universidade pública? Há cursos em que a presença de  negros é quase nula e em todos, minoritária.
            Mas vieram as cotas e o alarme soou na casa grande e na varanda gourmet. Mais e mais negros estão cursando o ensino superior em nossas melhores universidades. Seu aproveitamento acadêmico, ao contrário do que diziam os defensores da exclusão, é igual, e em muitos casos superior, ao dos não cotistas. Em breve, os filhos desses estudantes estarão também ocupando o espaço até pouco tempo reservado às elites e à classe média brancas. Esse é, juntamente com o bolsa família, o principal motivo do ódio ao governo do PT por parte dos paneleiros e paneleiras. Que pessoas deixem de passar fome e já não precisem se submeter a trabalhar por salários vis e que negros freqüentem a universidade é algo inaceitável para quem tem empregadas domésticas de uniforme branco.
            Com atraso de pelo menos um século, as oportunidades estão sendo dadas aos que sempre foram excluídos do sistema educacional. Não tenho dúvida que o próximo governo neo-liberal, venha ele das urnas ou do golpe, extinguirá o sistema de cotas tão logo tome posse.
         

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