Descobri um blog
interessantíssimo. Pena que minha descoberta venha com quase uma
década de atraso. O blog tem mais de 1500 membros e quase 5 milhões de visualizações. Já
me aconteceu outras vezes; descobrir coisas que todos já sabiam. Não faz nem 5
anos que me dei conta de como é bonita a voz de Monarco e fiquei fã de Luis
Carlos da Vila apenas poucos anos antes de sua morte. Paciência.
No caso do blog, ando
contentíssimo com a “novidade”. Trata-se do “Conteúdo livre”. Lá encontrei os
caras que sempre gostei de ler e que são o melhor exemplo de como escrever
crônicas. Gosto de gênero desde a adolescência ou antes dela. No meu livro de
português do ginásio, “Português através de textos” de Magda Soares, conheci
Ruben Braga e o Drummond cronista antes de conhecer o Drummond poeta. No “Conteúdo livre” reencontrei os craques
Cony, Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro e também fiz “descobertas”.
Caetano Veloso tem ótimas
tiradas e Fernanda Torres, de quem só encontrei um texto, me pareceu divina,
escrevendo. Nesse caso, não sei se a paixão que nutro pela atriz interferiu no
julgamento, acho que não. Tem também o Rui Castro de quem eu já lera alguns
livros e crônicas mas antipatizava bastante com ele devido a algumas
entrevistas que concedeu. Creio que é seu flamenguismo e ipanemismo exacerbado
o que me incomoda no autor de “Estrela solitária”. Mas deixa pra lá.
Uma das crônicas do Rui Castro
que me chamou a atenção tinha por título “Farejando Watergate”. Ele nos conta que trabalhou
na “Manchete” com um cara que sabia tudo. O R. Magalhães Jr.
O acadêmico, além de ter ampla
cultura, era homem antenado e de memória invulgar. Num determinado momento do
convívio profissional de ambos, surgiu na redação da revista uma dúvida sobre o
tema de Watergate. Rui Castro foi perguntar a R. Magalhães Jr, a quem sempre
recorria, sobre o assunto que todos pareciam desconhecer. O homem ficou
embatucado e segundo Rui Castro, também Art Buchwald, de quem traduzia as
crônicas para a revista e suscitara o tema, não tinha uma noção muito precisa de
que se tratava mas farejara ali algum rato, segundo expressão do cronista
brasileiro.
Em outro texto, desta vez
assinado pelo bamba Carlos Heitor Cony, há uma interessante história sobre a
posse de Tancredo Neves.
Na véspera do histórico dia,
Cony trabalhava no lançamento de uma nova publicação das empresas Bloch. Toda a
equipe já estava em Brasília para a cobertura da posse. Lá pelas 3 da tarde,
Cony recebe um telefonema informando-lhe que não haveria posse. O telefonema
feminino era anônimo. Cony alertou seu chefe da sucursal em Brasília, Alexandre
Garcia e este lhe garantiu que tudo ia em ordem e que Cony estava mal informado
como sempre. Bem, o resto é história.
Esses dois exemplos nos dão uma
amostra de como o jornalismo brasileiro pode se parecer comigo; faz descobertas
com incrível atraso. Mesmo hoje, com o advento da internet, jornalistas e afins
continuam pagando micos e barrigas.
Outro dia lendo nesse mesmo blog
que descobri recentemente, a coluna de Élio Gaspari fui surpreendido por dois
fatos. Em primeiro lugar não supunha que alguém da estirpe de Gaspari fosse
apoiar o golpe no Paraguai utilizando argumentos tão frágeis. E se isso fora
pouco, o fez desconhecendo que o Wikileaks já divulgara informações secretas do
governo americano dando conta de que este já sabia da preparação do golpe desde
2009. Gaspari, em seu artigo, elogiava justamente a postura da diplomacia
americana no episódio chamando-a de profissional e comparando-a com a nossa que,
segundo o jornalista, estava se metendo numa estudantada.
Segundo descobri ontem, a correspondência
secreta trocada entre diplomatas americanos lotados no Paraguai e o Departamento
de Estado, foi publicada no Wikileaks em 30 de agosto de 2011. Parece que
Gaspari e eu precisamos fazer nossas descobertas um pouco mais cedo.
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