sábado, 28 de julho de 2012

Os nerds, o maridão e a mulherada







Há muitos homens que não gostam de mulheres. Não me refiro aos homossexuais que não gostam de mulheres em suas camas, falo dos machões que, mexe e vira, chegam pra gente com estranhos convites; uma pescaria com muita cachaça mas sem a “mulherada pra encher o saco” ou um encontro de amigos para lembrar os velhos tempos quando não havia a “mulherada pra encher o saco”.
O termo “mulherada” já é, para mim, pejorativo, e tão feio quanto o “maridão” que certas senhoras usam para designar uns tipos tronchos que elas exibem como algo que fosse digno de ser mostrado. Aliás, são esses tronchos que falam “mulherada”.
Esse desprezo pelas mulheres sempre existiu apenas ficou envergonhado depois da revolução feminina. Daí os subterfúgios da pescaria e outros que tais.
Com o advento das TVs por assinatura e a profusão de seriados cômicos americanos, ficamos mais expostos a esse tipo de machismo que nos EE.UU é anedótico. Há uma série cômica na qual todo o humor se baseia no horror que o maridão tem de fazer sexo com a mulher. Há várias assim. Em muitos filmes daquele país, o herói jamais troca os amigos por uma mulher e se o faz, no fim da fita são os amigos que o salvam de alguma coisa na qual ele se meteu pela influência maligna da namorada miolo mole. O melhor amigo é uma instituição americana como o hambúrguer e a arma.
Mas o que está fazendo da misoginia um sucesso entre nós é a ascensão dos “nerds”. Esses caras não gostam de mulheres e são os donos da internet, que é hoje, o maior veículo de comunicação do mundo. Sem sair da casa da mamãe os meninos podem disseminar sua cultura de joguinhos “on line” e adorar seus novos deuses, Zuckerberg, Jobs e Bill Gates. Esse mundo de tecnologia é vedado, por eles, às meninas.
Esses meninos, que estão na faixa etária entre os 12 e os 40 anos, têm pouco desejo de vida fora da tela do computador. Um mundo sem perigos e, principalmente, sem mulheres que possam criticar suas coleções de bonequinhos de jornada nas estrelas ou suas roupas (que ninguém ouse chamar de fantasias) de guerra nas estrelas. É desse mundo da lua que vão aliciando novos adeptos de esquisitices. O que até pouco tempo atrás era coisa de retardado mental, agora é o estilo de vida de futuros bem sucedidos empresários no setor da informática ou no ramo dos joguinhos eletrônicos.
Nos seus computadores os “nerds” também podem curtir os seriados misóginos   americanos e cita-los em suas intervenções e comentários no face book.
Muitos desses caras têm futuro promissor nesse mundo da idiotice institucionalizada e vai ficando difícil para eles escaparem do assédio de mocinhas casadoiras que já perderam as esperanças de arrumar um jogador de futebol ou um sertanejo universitário.
Os “geeks” que são uma sub-raça dos “nerds” são os mais fáceis de capturar pelas Marias megabyte pois os “geeks” são algo assim como “nerds” com traquejo social. Ou seja, eles querem se inserir, ainda que para isso tenham de abrir mão de irrecuperáveis horas afastados de seus computadores, revistas em quadrinhos japonesas e seriados de ficção científica.
“Nerds, geeks e outros bichos são filhos do capitalismo neo-liberal e empreendedor. Os feitos da santíssima trindade “nerd”, Jobs, Bill Gates e Zuckerberg, que é ganhar muito dinheiro, são vistos como atos heróicos por esses adoradores de bonequinhos, esquisitos e suspeitos. Não é uma gente que queira mudar o mundo nem extinguir a miséria. Este é o tipo de assunto que não entra em suas conversas no face book. Querem derrotar seus desafetos qual heróis de histórias em quadrinhos que saem do armário detentores de super poderes e roupinhas engraçadas.
Mas a verdade é que os “nerds” saíram definitivamente do armário. Prova disso é a criação do Dia do orgulho nerd, com parada, ala dos números primos, fantasias (desculpem, vestimentas) do jornada nas estrelas e o escambau.
Os “nerds” perderam a vergonha.


Nenhum comentário:

Postar um comentário