quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Marina, a farsa


Pois é, o partido-ternura de Marina Silva não saiu. Talvez tenha sido melhor assim. Principalmente para os que já iam se iludindo com a proposta, ou melhor, com a falta de propostas concretas e palavreado vazio que forma  a base ideológica do Rede Sustentabilidade.
Não precisou passar nem 48 horas depois do STE ter negado seu registro por falta do apoiamento necessário, para os seguidores e eleitores de Marina Silva terem sua dose nada homeopática de decepção.
O Rede Sustentabilidade sustentava sua falta de propostas e de programa de governo sobre o frágil alicerce da “horizontalidade”. Diziam os marinistas que, no Rede, tudo seria feito seguindo uma agenda proposta pelos próprios militantes e simpatizantes, através da rede de computadores, esse novo fetiche dos políticos e marqueteiros.
Que nada, Marina apareceu muito fagueira no PSB sem nenhuma consulta às bases do Rede. Para lá foi por vontade própria levando o nome do partido e, segundo alguns analistas, no seio de uma articulação da oposição de direita.
Em seu discurso, ao lado do socialista de araque, Eduardo Campos, Marina falou em aliança programática. Ora bolas, se o Rede sequer tem um programa! Aliás, nem precisa, afinal o que é um programa de governo, um estatuto partidário, nos dias interessantes que vivemos?
A ex-senadora também adotou os bordões “velha política” e “velha república” além de falar em partido clandestino referindo-se ao Rede Sustentabilidade. Ela quer que creiamos que aliando-se à Eduardo Campos, aos Bornhausen e à Heráclito Fortes, está construindo algo novo na política partidária nacional.
Marina Silva, a filha dos seringais, tornou-se uma típica personagem política brasileira: personalista, vaidosa, pragmática.
 Detentora de um cabedal de mais de 20 milhões de votos, conquistados na última eleição presidencial, Marina se crê invulnerável às críticas. Evangélica, se crê predestinada. Ela, que durante os piores momentos do Governo Lula (reforma da previdência, CPI dos Correios, intervenção no Haiti), manteve-se muito cômoda no Ministério do Meio Ambiente, sem nada ter produzido de concreto no comando da pasta, agora fala em “chavismo” como algo a ser combatido no Governo Dilma. Quando alguém começa a falar em chavismo, já sabemos aonde quer chegar e com quem quer aliar-se.
O que mais se questionou sobre a ida de Marina Silva para o PSB é o papel secundário que ela assumiria na chapa de Campos. Outras legendas como o PDT, o PPS e o PTB ofereceram o protagonismo à Marina.

Alfredo Sirkis, um aliado próximo à acreana, não poupou críticas quanto à escolha e à própria Marina. Disse o ex-verde: _ “Marina é uma extraordinária líder popular, profundamente dedicada a uma causa da qual compartilhamos (...). Possui, no entanto, limitações, como todos nós. Às vezes falha como operadora política comete equívocos de avaliação estratégica e tática, cultiva um processo decisório ad hoc e caótico e acaba só conseguindo trabalhar direito com seus incondicionais. Reage mal a críticas e opiniões fortes discordantes e não estabelece alianças estratégicas com seus pares”.  
No dia seguinte, Sirkis disse que as críticas que fizera eram assunto superado e que acompanharia Marina em sua aventura “socialista”. Muito coerente, muito coerente.

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