quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O partido de Marina


Quem teve a curiosidade de buscar os pronunciamentos de Marina Silva depois da fundação do Rede Sustentabilidade, deve ter tido, como eu, enorme decepção. As palavras de Marina sobre o partido são de um vazio impossível de preencher. Um discurso no melhor estilo “a nível de”.  Marina já não é a mesma faz tempo. Marina agora é articulada, seja lá o que isso queira dizer.
A tudo que lhe foi questionado durante o curto momento da euforia da fundação do seu partido, ela respondeu com ares e ditos de esfinge. Sequer quanto à posição ideológica do partido, suas palavras foram claras. Disse ela que “o Rede Sustentabilidade não será de direita nem de esquerda, mas à frente”. Ou então: “ Não somos nem oposição nem situação. Somos um paradoxo”. Me fez lembrar Kassab e seu PSD.
Quase tudo sobre o partido de Marina resvala pelo ridículo. Desde os nomes de felpudas raposas que querem posar de última bolacha do pacote da modernidade até o discurso que incorpora o termo “horizontalidade” que é usado até  quando o assunto é o racha que já ameaça o partido antes mesmo de ter seu registro no TSE.  Tem até um cachorro que freqüenta as reuniões e assinou,com a marca de sua pata, a lista de firmas necessárias para a formalização do partido. O animal pertence a um dos dirigentes do partido que deve ser egresso das empresas de informática dos anos 90. Naqueles tempos, moderno era levar o cachorro pro trabalho e andar de skate no escritório.
O racha, ou pelo menos o primeiro manifesto que confirma a briga interna, nada horizontal, no Rede, em Minas, é fruto justamente das raposas felpudas de nossa política que apostam sempre em novas siglas e discursos vazios para a continuação de suas carreiras. Dessas raposas o Rede tem várias. Nesse caso, o ex-deputado José Fernando Aparecido de Oliveira ( filho e herdeiro político de José Aparecido, ex-ministro e ex-governador do DF) que divide com o professor Cássio Martinho o comando do Rede em Minas. Foi o professor que assinou o manifesto e abriu uma ala já intitulada “Elo Rede”. José Fernando rebateu falando de horizontalidade.
É natural que o racha tenha como palco a capital mineira, afinal foi aí que Marina derrotou Dilma e Serra nas eleições de 2010. Lá está o melhor filão do Rede, o maior número de eleitores e a maior fatia de poder que o partido pode conseguir nas eleições gerais do ano que vem. Comandar o partido em Minas, significa influir mais diretamente nos seus rumos e acomodar mais aliados e protegidos nas futuras alianças que, pode estar certa, se farão.
Mas, como se sabe esse é o menor dos problemas do partido no seu afã de lançar a candidatura de Marina em 2014. O que está pegando são as tais assinaturas rejeitadas nos cartórios eleitorais. Mas o otimismo e a certeza de estar escrevendo a nova história da política partidária brasileira move seus dirigentes militantes e simpatizantes.
O mesmo otimismo, a mesma euforia se viu quando o Partido Verde foi fundado. Parecia o cúmulo da modernidade, seus fundadores eram vistos como os embaixadores do futuro com suas idéias tão europeiazinhas, tão primeiromundinhas. Hoje o PV faz aliança até com o DEM e entre seus quadros conta com Sarney Filho, aquela gracinha.
Ninguém sabe os motivos da saída de Marina do Partido Verde, sigla pela qual teve mais de 20 milhões de votos no último pleito presidencial. Tampouco se sabe o motivo do manifesto raivoso e acusador do Elo Rede, em Minas. Até as acusações nesse partido são vagas. O esfingismo de Marina parece ter contaminado a horizontalidade.


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