Sarney, o último coronel, está internado com pneumonia e
dengue. Está em São Paulo, no Hospital Sírio e Libanês. Sua filha Roseana, governadora do Maranhão, entre outros familiares, faz-lhe companhia. O Senado
tem convênio com o grande hospital paulista e para lá se dirigem os senadores
para curar qualquer pereba, calo ou queimadura provocada pelos colorantes de
cabelo.
As enfermidades de Sarney, de fácil tratamento em pessoas
mais jovens, conferem grave risco à gente que já está com prazo de validade
vencido. É o caso do velho senador. Mas mesmo que assim não fosse, o
ex-presidente não seria besta de tratar-se em sua terra natal, sob os cuidados
e dengos da sua numerosa família. Por dois motivos: gente rica adora coisas de
graça. Se o moribundo senador pode tratar-se a expensas do povo brasileiro, por
que iria pagar? E também tem a questão
de Sarney ser maranhense. Seu estado é um dos mais miseráveis do país. Não
atrai nem investimento especulativo, muito menos médicos ou empresas
hospitalares. No Maranhão todo parto é de risco, toda doença é grave. Durante o
tempo que a famiglia Sarney governou aquele estado, a penúria dos maranhenses
só aumentou. Nem mesmo os avanços sociais que se verificaram no país chegaram
por lá.
Enquanto acompanha o pai enfermo, Roseana deixa seu vice na
condução do desgoverno maranhense. E aí reside uma dessas coisas que nos faz
descrer de tudo e de todos; o vice-governador do Maranhão é do PT. O Partido
dos Trabalhadores está em aliança com o clã Sarney naquele estado. Quem poderia
imaginar?
Pois bem, agora a Procuradoria Geral da União através de seu
titular, Roberto Gurgel, deu parecer favorável a um pedido de cassação da governadora e seu
vice por abuso do poder político e econômico nas eleições passadas. Disputando
sua reeleição, Roseana, às vésperas do pleito, firmou nada menos que 979
convênios com prefeituras maranhenses. Os senhores prefeitos teriam retirado
apoio aos candidatos de oposição Jackson Lago e Flávio Dino de olho nas verbas
que fluíram do caixa do governo estadual para as prefeituras. O dinheiro foi
depositado em tempo recorde (2 dias) nas contas municipais e sacado em espécie
na boca do caixa. Uma maravilha.
Esse é mais um caso escabroso em que o PT se vê envolvido
por misturar-se com o que há de mais podre na política nacional. Vai ser duro
para a imprensa chapa branca defender a lisura de Roseana e seu vice. Mas não
tenho dúvidas que em nome da governabilidade e do apoio do poderoso clã ao
governo, isso será feito. Deve-se repetir a estratégia de lançarem-se acusações
contra Gurgel e o Supremo quando o caso lá chegar.
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