Sempre penso na pequena cidade onde moro como um microcosmo
do Brasil. Claro, não temos a diversidade étnica nem a pluralidade religiosa
que vemos nas grandes cidades do país. Ademais vivo em uma cidade onde não há
um só mendigo, uma única criança que durma nas ruas nem tampouco famílias
vivendo em áreas de risco. Bem, é o sul maravilha.
Sem embargo, há similitudes com outros lugares do país. Por
exemplo: o conservadorismo é o mesmo. A mesma sociedade conservadora e careta
habita essas latitudes. Nas redes sociais pedem pela diminuição da maioridade
penal, execram o sistema de cotas raciais nas universidades, clamam pela pena
de morte e odeiam qualquer sintoma de mudança social. Criticam o governo não
pelo o que ele faz de equivocado e sim pelo que acerta. É o velho ranço
direitista e reacionário.
Também, como em todo o Brasil, há um número enorme de
igrejas neo-pentecostais, evangélicas tradicionais e, é claro, a igreja
católica em luta frenética por corações, mentes e bolsos de fieis. O rebanho
cresce e é manso.
Pois bem, assim como em todo o Brasil, os membros dessa
sociedade conservadora em quase tudo que pensa e diz, estão indignados e fazem
manifestações. Manifestam-se contra o
precário transporte público que temos, contra a corrupção, contra o aumento do
gabarito das construções, pela reforma política. E também como em todo o país
nem um cartaz, nem uma voz de indignação contra a proposta de reforma do código
penal, contra a expulsão de famílias para construção de estádios de futebol,
contra a ação violenta da polícia nas reintegrações de posse autorizadas pela
justiça ou o assassinato de indígenas e líderes camponeses.
Como em todo o Brasil, o que vemos é uma sociedade partida,
na qual o interesse de alguns assume papel de reivindicação de todos.
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