segunda-feira, 30 de março de 2015

Falta d'água



Dizem que as crises geram oportunidades. No mundo capitalista isso é interpretado ao pé da letra e o que chamam de oportunidade é a ocasião de se ganhar dinheiro a custa do trabalho de uns e da estultice de outros.
Aproveitando a falta d’água, agora conhecida pelo eufemismo de crise hídrica ou (haja imaginação) estresse hídrico, alguns “empreendedores” inventaram um meio economizar água aproveitando a água da chuva. Uns tambores debaixo das calhas, nada mais que isso. Mas isso é vendido como tecnologia e seus “criadores” não só vendem o produto como dão cursos sobre a montagem da genial invenção para que outros abram seus negócios de economia de água. Todo o sistema sai por R$ 600,00, instalado. O valor do curso não foi divulgado, mas a procura é grande, segundo seus criadores, e pelas instalações também.
Embora todos saibamos que o consumo doméstico da água represente menos de 8% do total utilizado, os meios de comunicação e as autoridades responsáveis pelo desabastecimento insistem em falar de banhos demorados e de torneiras abertas enquanto escovamos os dentes. Houve quem sugerisse o uso comedido da descarga do sanitário e o governo de São Paulo mandou distribuir torneiras “econômicas” à população para reduzir o gasto.  Movidos pela desinformação os negócios de oportunidade prosperam.
O latifúndio, que atende pela alcunha de agronegócio, gasta 72% da água tratada e nada é feito para melhorar o sistema de irrigação. Nem por parte dos empresários do setor nem pela ação dos governos.
 A indústria faz propaganda sobre medidas tomadas para diminuição do consumo de água. Maquiagem igual a que é feita na questão da proteção ambiental.
Enquanto isso, grande parte da população paulistana compra a idéia que o desperdício doméstico e São Pedro (na linguagem infantilizada dos telejornais) são os culpados pela falta d”água e vigia o banho dos vizinhos com a orelha colada à parede.

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