Você sabe o que é o terço
bizantino? Se sabe, por favor, me conte.
Toda vez que vejo escrito “terço bizantino” no pé da tela da televisão, lá está
o Padre Marcelo Rossi rezando de uma maneira muito bizarra. Ele repete a mesma
frase 10 ou 12 vezes. Outro dia contei o número de repetições, mas esqueci.
Será isso o terço
bizantino? Repetir a mesma frase até ela
perder o sentido? Os bizantinos não tinham coisa melhor pra fazer? Se é isso o
terço bizantino, imagino como seria o papo bizantino. Uma conversa entre o
Datena e o Silvio Santos é uma conversa bizantina? Bem, em certo sentido, sim.
O pai dos burros nos dá essa definição para conversa tola, frívola, mas não
fala em repetição.
Mas e o terço bizantino? Qual o
sentido de alguém rezar daquele jeito? Se é que a característica do tal terço é
essa mesma. Sendo ou não, o Padre Marcelo Rossi conseguiu introduzir mais uma
chatice de sua coleção, que deve ser infinita. O Padre das batinas esquisitas é
um chato profissional. Chato até nas batinas que alguém tem de lavar e passar.
É muito pano, pregas e brilhos. Imagino que alguma pia senhora deva ter muito trabalho
para deixar o padre na estica sacerdotal. Deve fazê-lo na certeza de estar
servindo a Deus, como se houvesse um deus da frescura eclesiástica.
As batinas do padre Marcelo
serviriam de modelo para Joãozinho Trinta se alguma escola sua tivesse
escolhido a primeira missa como enredo. Já imaginou aquilo em verde e rosa? Uma
ala inteira vestida de Marcelo Rossi? Já
estou até escutando o samba:
Naquela semana pascoal
Descendo das
caravelas
Ao lado do
navegante Cabral
...............................................
E lá lá ô ô ô ô. _Vai minha
bateria nota dez._ Olha o Padre Marcelo aí, gente.
O enredo também poderia ser o
Bispo Sardinha. Uma púrpura a mais naquela batina até que ficava bem. Mas
devido ao destino do sacerdote português ia ter gente levando pro duplo
sentido. Melhor não. Vamos de primeira missa.
Outro dia, vendo a televisão, lá
estava o Padre Marcelo. Tinha ido a Portugal lançar seu livro “Ágape” que por
aqui já vendeu mais de 6 milhões de exemplares. Quase não o reconheci sem sua
vestimenta de corte exclusivo. Andava a paisana. Só o colarinho branco e as
orelhas o denunciavam. Como será o best seller do Padre Marcelo? De que
tratará? Haverá também capítulos bizantinamente repetidos dez ou doze vezes? Essas
dúvidas, vou carregar para o túmulo.
Mas voltando ao terço bizantino
e à teologia da repetição. O Aurélio dá uma outra definição pejorativa para o
termo “bizantino”: “Pretensioso, tolo”. Para “bizantinismo” traz o sentido
figurado de interesse por questões frívolas, insignificantes, sem resultado
prático como as questões tratadas pelos teólogos bizantinos.
Pensando bem eu nunca escutei
uma pregação do Padre Marcelo. Só as músicas e o terço bizantino. Também já li
que ele anda pichando seu concorrente no mercado fonográfico, o Padre e cantor
Fábio de Melo. Rossi o repreende por não usar batina. (Seria essa, uma questão
bizantina?) Eu quase que ia cometendo a injustiça de dizer que é o roto falando
do esfarrapado. No caso, é o fashion falando do descolado. Mas a disputa pela
venda de discos e pelo suspiro das mocinhas católicas é apenas parte das
atribulações atuais de Marcelo Rossi. No
terreno das batinas o sacerdote vem encontrando competição. Refiro-me ao
cantor, Padre Reginaldo. O homem também é chegado às batinas cinematográficas.
Na capa de um de seus discos, Reginaldo veste uma batina branca com uma
sobrepeliz roxa e faz pose de Moisés de Cecil B. DeMille. Um luxo só. Na
próxima Vaticano Fashion Week o bicho vai pegar.
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