quinta-feira, 5 de março de 2015

A milícia de Edir Macedo



Edir Macedo fundou sua milícia. Os Gladiadores do Altar formam, marcham, batem continência e gritam besteiras em uníssono como qualquer recruta. Com uma diferença: o fanatismo dos milicianos de Macedo é religioso e não patriótico. E é aí que reside o perigo.
Toda força militarmente organizada precisa ter um inimigo, seja ele real, potencial, ou imaginário. Para as forças armadas de qualquer país existe o discurso da força defensiva, preventiva. Prepara-se a guerra para alcançar-se a paz. A correlação de forças seria o inibidor da agressividade do inimigo. São patranhas, claro, que  servem de desculpa para as potências intimidarem os mais fracos, os de menor poder bélico.
No caso da milícia de Macedo não existe ameaça, não existe uma força contrária. A menos que o Bispo veja na concorrência pelo bolso dos fiéis essa ameaça. Não creio que seja o caso. Para isso há os recursos tipicamente macedianos: milagres, retiros, jejuns, fogueira santa, lavagem cerebral e mais milagres.
 A Igreja Universal é uma igreja-circo, uma seita voltada para o espetáculo e os grandes eventos. Dentro desse lucrativo mundo do entretenimento a encenação marcial protagonizada pelos Gladiadores do Altar causou grande impacto entre os fiéis. Talvez tudo não passe de presepada. Talvez não.
Creio que a finalidade da milícia da Universal seja a intimidação de infiéis. Ateus e praticantes de religiões afro-brasileiras em particular. A Igreja Universal é notadamente a seita que mais ataca os cultos de origem africana. Depredações de terreiros e agressões físicas de fiéis dessas religiões fazem parte dos expedientes empregados pelos fanáticos da Universal. De vez em quando sobra para os católicos.
Há quem diga que a formação da milícia de Macedo tenha como inspiração o Estado Islâmico. Eu não descartaria a hipótese. O som dos coturnos retumbando nos templos da seita também fazem recordar as SA da Alemanha hitlerista.
Diferentemente das ações de proselitismo e captura de seguidores para a Universal que conta com o esforço de obreiros e otários de ambos os sexos, na milícia de Macedo só há homens. Homens jovens e fornidos. Gente que parece estar preparada para o conflito, para a porrada.

Segundo a seita já são 4.300 desses milicianos em todo o país. Esse número tende a crescer com a mesma velocidade com que cresceu a fortuna de Edir Macedo e sua influência. 

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