Edir Macedo fundou sua milícia. Os Gladiadores do Altar
formam, marcham, batem continência e gritam besteiras em uníssono como qualquer
recruta. Com uma diferença: o fanatismo dos milicianos de Macedo é religioso e
não patriótico. E é aí que reside o perigo.
Toda força militarmente organizada precisa ter um inimigo,
seja ele real, potencial, ou imaginário. Para as forças armadas de qualquer
país existe o discurso da força defensiva, preventiva. Prepara-se a guerra para
alcançar-se a paz. A correlação de forças seria o inibidor da agressividade do
inimigo. São patranhas, claro, que servem de desculpa para as potências
intimidarem os mais fracos, os de menor poder bélico.
No caso da milícia de Macedo não existe ameaça, não existe
uma força contrária. A menos que o Bispo veja na concorrência pelo bolso dos
fiéis essa ameaça. Não creio que seja o caso. Para isso há os recursos tipicamente
macedianos: milagres, retiros, jejuns, fogueira santa, lavagem cerebral e mais
milagres.
A Igreja Universal é
uma igreja-circo, uma seita voltada para o espetáculo e os grandes eventos. Dentro
desse lucrativo mundo do entretenimento a encenação marcial protagonizada pelos
Gladiadores do Altar causou grande impacto entre os fiéis. Talvez tudo não
passe de presepada. Talvez não.
Creio que a finalidade da milícia da Universal seja a
intimidação de infiéis. Ateus e praticantes de religiões afro-brasileiras em
particular. A Igreja Universal é notadamente a seita que mais ataca os cultos
de origem africana. Depredações de terreiros e agressões físicas de fiéis
dessas religiões fazem parte dos expedientes empregados pelos fanáticos da
Universal. De vez em quando sobra para os católicos.
Há quem diga que a formação da milícia de Macedo tenha como
inspiração o Estado Islâmico. Eu não descartaria a hipótese. O som dos coturnos
retumbando nos templos da seita também fazem recordar as SA da Alemanha
hitlerista.
Diferentemente das ações de proselitismo e captura de
seguidores para a Universal que conta com o esforço de obreiros e otários de
ambos os sexos, na milícia de Macedo só há homens. Homens jovens e fornidos.
Gente que parece estar preparada para o conflito, para a porrada.
Segundo a seita já são 4.300 desses milicianos em todo o país.
Esse número tende a crescer com a mesma velocidade com que cresceu a fortuna de
Edir Macedo e sua influência.
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