Dizem que as crises geram oportunidades. No mundo capitalista
isso é interpretado ao pé da letra e o que chamam de oportunidade é a ocasião
de se ganhar dinheiro a custa do trabalho de uns e da estultice de outros.
Aproveitando a falta d’água, agora conhecida pelo eufemismo
de crise hídrica ou (haja imaginação) estresse hídrico, alguns “empreendedores”
inventaram um meio economizar água aproveitando a água da chuva. Uns
tambores debaixo das calhas, nada mais que isso. Mas isso é vendido como
tecnologia e seus “criadores” não só vendem o produto como dão cursos sobre a
montagem da genial invenção para que outros abram seus negócios de economia de água.
Todo o sistema sai por R$ 600,00, instalado. O valor do curso não foi divulgado,
mas a procura é grande, segundo seus criadores, e pelas instalações também.
Embora todos saibamos que o consumo doméstico da água
represente menos de 8% do total utilizado, os meios de comunicação e as
autoridades responsáveis pelo desabastecimento insistem em falar de banhos
demorados e de torneiras abertas enquanto escovamos os dentes. Houve quem
sugerisse o uso comedido da descarga do sanitário e o governo de São Paulo
mandou distribuir torneiras “econômicas” à população para reduzir o gasto. Movidos pela desinformação os
negócios de oportunidade prosperam.
O latifúndio, que atende pela alcunha de agronegócio, gasta
72% da água tratada e nada é feito para melhorar o sistema de irrigação. Nem
por parte dos empresários do setor nem pela ação dos governos.
A indústria faz
propaganda sobre medidas tomadas para diminuição do consumo de água. Maquiagem
igual a que é feita na questão da proteção ambiental.
Enquanto isso, grande parte da população paulistana compra a idéia que o
desperdício doméstico e São Pedro (na linguagem infantilizada dos telejornais)
são os culpados pela falta d”água e vigia o banho dos vizinhos com a orelha
colada à parede.
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