quarta-feira, 18 de março de 2015

Financiamento privado, caixa 2, corrupção



Na Espanha, está rolando um processo por uso de caixa 2 no financiamento do PP, o partido de direita que está no poder. Empresas doaram por baixo do pano mais do que permite a lei, durante 20 anos. Essas empresas, por serem contratantes do estado espanhol, estavam proibidas de fazer doações e financiar partidos políticos. E já que estavam mesmo proibidas de doar, doaram acima do permitido por lei.
Sedes regionais do Partido Popular foram construídas com esse dinheiro, até o arquiteto que reformou uma das sedes foi pago por esse meio. Salários extras de dirigentes do PP (entre eles Mariano Rajoy, atual primeiro-ministro, Rodrigo Rato, que foi ministro da economia de Aznar e diretor gerente do FMI e Dolores de Cospedal, secretária geral do PP e presidente da junta de Castilla- La Mancha) também saíram da conta que abrigava tais doações ilegais. Quase todo mundo nega ter recebido. Alguns confessaram.
Quem entregou a rapadura foi o tesoureiro do partido Luis Bárcenas. Está tudo explicadinho no livro caixa que ele mantinha. O processo de lavagem do dinheiro era simples, quase torpe: a cada doação ilegal o tesoureiro subdividia a quantia e depositava numa conta do partido valores menores que podem ser doados anonimamente.
Fica claro que a lei que determina o quanto pode ser doado, como e por quem, é falha. Parece ter sido feita para ser facilmente burlada.
Para nós brasileiros o que chama a atenção no caso é o valor que pode ser doado pelas empresas espanholas para os partidos dentro da legalidade: 60 mil euros. Isso no Brasil é dinheiro de pinga quando se trata de campanha eleitoral. Mas embora as somas sejam bem menores das que aqui geram a corrupção mesmo antes da eleição do político, vê-se que o padrão é o mesmo. É o financiamento privado um dos motores da corrupção. Não o único, mas o que mais impulsiona essa prática.


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