Na Espanha, está rolando um processo por uso de caixa 2 no
financiamento do PP, o partido de direita que está no poder. Empresas doaram
por baixo do pano mais do que permite a lei, durante 20 anos. Essas empresas,
por serem contratantes do estado espanhol, estavam proibidas de fazer doações e
financiar partidos políticos. E já que estavam mesmo proibidas de doar, doaram
acima do permitido por lei.
Sedes regionais do Partido Popular foram construídas com esse
dinheiro, até o arquiteto que reformou uma das sedes foi pago por esse meio.
Salários extras de dirigentes do PP (entre eles Mariano Rajoy, atual
primeiro-ministro, Rodrigo Rato, que foi ministro da economia de Aznar e diretor
gerente do FMI e Dolores de Cospedal, secretária geral do PP e presidente da
junta de Castilla- La Mancha) também saíram da conta que abrigava tais doações
ilegais. Quase todo mundo nega ter recebido. Alguns confessaram.
Quem entregou a rapadura foi o tesoureiro do partido Luis Bárcenas.
Está tudo explicadinho no livro caixa que ele mantinha. O processo de lavagem
do dinheiro era simples, quase torpe: a cada doação ilegal o tesoureiro subdividia
a quantia e depositava numa conta do partido valores menores que podem ser
doados anonimamente.
Fica claro que a lei que determina o quanto pode ser doado,
como e por quem, é falha. Parece ter sido feita para ser facilmente burlada.
Para nós brasileiros o que chama a atenção no caso é o valor que
pode ser doado pelas empresas espanholas para os partidos dentro da legalidade:
60 mil euros. Isso no Brasil é dinheiro de pinga quando se trata de campanha
eleitoral. Mas embora as somas sejam bem menores das que aqui geram a corrupção
mesmo antes da eleição do político, vê-se que o padrão é o mesmo. É o
financiamento privado um dos motores da corrupção. Não o único, mas o que mais
impulsiona essa prática.
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