quarta-feira, 25 de março de 2015

Picaretas e achacadores



             Lula disse em 1993, que no congresso havia uns 300 picaretas. Lula estava certíssimo, talvez um pouco comedido quanto aos números, mas certíssimo.
Cid Gomes disse recentemente que nas casas legislativas 400 achacadores dão plantão. Cid Gomes acertou, talvez subestime a quantidade, mas acertou. Como se vê houve uma expansão da pilantragem e os picaretas se especializaram.
A diferença entre os picaretas de outrora e os atuais achacadores é que aqueles pouco se importaram com o epíteto e estes querem ser vistos como defensores da família, da moral e dos bons costumes. Acostumados ao histrionismo dos púlpitos, dão chiliques, batem boca e pedem a cabeça de quem os mostra como são.
Tanto nos anos 90 como agora, muitos desses picaretas e achacadores estão na base do governo. Outros esperam a vez na oposição.
Lula sabia do que estava falando. Esteve no congresso como deputado constituinte e viu de perto o balcão de negócios. Cid Gomes foi governador do Ceará e também sabe como as coisas funcionam no trato com o legislativo.
O governo atual, assim como os governos anteriores, investiu na cooptação dos picaretas e achacadores para sua base de sustentação. Enquanto a economia ia de vento em popa e as empreiteiras enchiam os cofres, os picaretas vendiam seu apoio em prestações mensais. Ministérios foram criados para acomodá-los e evitar intermediários nos seus negócios. Uma gorda fatia das propinas ia para os partidos que os abriga e para os próprios.
No estágio em que as coisas se encontram, com o governo lutando contra a queda de investimentos, enfrentando manifestações contrárias, ameaças de golpe e vendo a popularidade da presidenta Dilma cair, muitos picaretas ensaiam uma saída estratégica de sua base. Inventam diferenças ideológicas, criticam os escândalos que eles mesmos protagonizaram e até reclamam de excesso de ministérios. Os que ficam fazem birra e achacam como nunca.

  

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