Lula disse em 1993, que no congresso havia uns
300 picaretas. Lula estava certíssimo, talvez um pouco comedido quanto aos
números, mas certíssimo.
Cid Gomes disse recentemente que nas casas legislativas 400
achacadores dão plantão. Cid Gomes acertou, talvez subestime a quantidade, mas
acertou. Como se vê houve uma expansão da pilantragem e os picaretas se
especializaram.
A diferença entre os picaretas de outrora e os atuais
achacadores é que aqueles pouco se importaram com o epíteto e estes querem ser vistos
como defensores da família, da moral e dos bons costumes. Acostumados ao
histrionismo dos púlpitos, dão chiliques, batem boca e pedem a cabeça de quem
os mostra como são.
Tanto nos anos 90 como agora, muitos desses picaretas e
achacadores estão na base do governo. Outros esperam a vez na oposição.
Lula sabia do que estava falando. Esteve no congresso como
deputado constituinte e viu de perto o balcão de negócios. Cid Gomes foi
governador do Ceará e também sabe como as coisas funcionam no trato com o
legislativo.
O governo atual, assim como os governos anteriores, investiu na cooptação dos picaretas e achacadores para sua base de sustentação. Enquanto
a economia ia de vento em popa e as empreiteiras enchiam os cofres, os
picaretas vendiam seu apoio em prestações mensais. Ministérios foram criados
para acomodá-los e evitar intermediários nos seus negócios. Uma gorda fatia das
propinas ia para os partidos que os abriga e para os próprios.
No estágio em que as coisas se encontram, com o governo
lutando contra a queda de investimentos, enfrentando manifestações contrárias,
ameaças de golpe e vendo a popularidade da presidenta Dilma cair, muitos
picaretas ensaiam uma saída estratégica de sua base. Inventam diferenças
ideológicas, criticam os escândalos que eles mesmos protagonizaram e até reclamam
de excesso de ministérios. Os que ficam fazem birra e achacam como nunca.
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