sábado, 10 de janeiro de 2015

Futilidade e sexismo



Dona Maria das Graças Foster está numa tremenda enrascada. A empresa que dirige é alvo de uma investigação devido aos desvios milionários (bilionários fica mais condizente com a realidade) que vieram à luz nos últimos meses. Envolvidos diretos na roubalheira confessam seus crimes num despudor de fazer corar anjos de pedra. Sócios, diretores e puxa-sacos de grandes empresas privadas do país foram presos.
Pois bem, com todos os fatos apontando para uma gestão, no mínimo, omissa, há muita gente que prefere mencionar a aparência física de Dona Graça do que tratar de entender o que se passa na maior empresa do país. Charges e piadas das mais torpes aparecem nos órgãos de imprensa. Os usuários das redes sociais associam-se à torpeza e replicam a grosseria.
A Presidenta Dilma depois de prometer durante a campanha eleitoral mais mudanças e mais avanços, apresentou à nação um ministério formado pelo que há de mais conservador no pensamento econômico do país. Se fosse só isso poderia dizer-se que os tempos exigem, que há uma possibilidade de crise com a qual só o pensamento conservador consegue lidar. Seria uma desculpa esfarrapada, mas seria uma desculpa.
Mas a escolha de gente do calibre de Hélder Barbalho, que responde a processo por improbidade administrativa e Kátia Abreu inimiga declarada dos índios, quilombolas, sem terras e da civilização ocidental, já foi demais. Não há desculpa que caiba. Só a mais descarada barganha política e o fisiologismo explicam nomes como esses ocupando ministérios.
No entanto não é isso que merece críticas da grande imprensa e sim o vestido que a Presidenta usou na posse. Até seu caminhar mereceu comentários desairosos. Esqueceram que Dilma é uma senhora de 67 anos e que não dedicou sua vida às academias de ginástica nem à leitura da revista Vogue.
Nunca li nem ouvi dessas senhoras jornalistas que criticaram o vestido de Dilma nenhuma palavra sobre os cabelos tingidos dos senhores políticos nem sua troca constante de parceiras por outras cada vez mais jovens. Nem sobre a cafonice de suas gravatas.

Não bastasse o Bolsonaro que gosta de ofender mulheres chamando-as de feias e bruxas, agora vêm senhoras jornalistas de economia e de política e ocupam os espaços de informação para julgar modas e estéticas como se escrevessem para a revista Caras.

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