As modas no linguajar sempre existiram. Elas vêem e vão. Na
década de 90 o “a nível de” fazia sucesso. Depois veio o “com certeza”, que
junto com o “no sentido de” ainda se cultiva. No facebook o primeiro vira “concereteza”e
faz parzinho romântico com o “nada haver”. Bem, mas isso é apenas analfabetismo
amenizado.
Hoje, o que domina vários discursos é o “onde”. Pode-se
fazer lindas frases com o advérbio. Um dos campeões do “ondeísmo” é o
ex-jogador e comentarista esportivo, Neto. Dele já ouvimos maravilhas como: “um
time onde a zaga...”, “um dia onde a temperatura...” e até “ um jogador onde...”.
O “onde”, para piorar, pode ser substituído pelo “aonde” nessas construções.
Como disse, esses modismos são passageiros e quase nunca
provocam danos insanáveis ao idioma.
Ao contrário das outras modas, os cultivadores das modas lingüísticas não são os mais jovens. É entre os adultos, chegando até a meia idade, que as palavrotas usadas para preencher discurso vazio, fazem mais sucesso.
Ao contrário das outras modas, os cultivadores das modas lingüísticas não são os mais jovens. É entre os adultos, chegando até a meia idade, que as palavrotas usadas para preencher discurso vazio, fazem mais sucesso.
Mas há uma outra moda, que além de lingüística é também
comportamental. Refiro-me a essa tendência de concluir-se uma argumentação com
a frase “é a minha opinião”. Nas redes sociais seu uso se difunde como vírus e
serve principalmente para os evangélicos fecharem algum discurso preconceituoso
e arcaico. O que essa gente chama de opinião eu designo com outro nome, que não
menciono para não ferir sua sensibilidade com escatologias.
Essa simples frase, que tenta ancorar-se no direito de livre
expressão do pensamento, tem servido para destilar toda espécie de raciocínios
tortos. Pensam, os cultivadores da frasezinha, que ao pronunciá-la eximem-se de
toda responsabilidade para com os preceitos legais escritos e as normas tácitas
do convívio e do respeito.
No momento, o alvo preferencial das “opiniões” dos filósofos
contemporâneos do facebook são os homossexuais, mas sobra pra todo mundo:
ateus, fumantes, comunistas, hedonistas, onanistas, enfim, qualquer um cujo
comportamento, pensamento, aparência, cor da pele ou hábitos, não se enquadre na
cartilha do carola opinativo.
E não adianta protestar contra as ofensas e preconceitos,
pois logo seguirá a frase mágica:_É minha opinião. Ademais nesses dias
estranhos que vivemos, há outro item na cartilha que deve ser seguido: devemos
ser tolerantes. Devemos respeitar as opiniões mais ridículas, os raciocínios
mais esdrúxulos e, principalmente as citações bíblicas mais ilógicas e imorais.
Nesses dias absurdos que vivemos, devemos tolerar a
intolerância.
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