Foi na semana passada. Amargava uma insônia e corria os
canais da TV para encontrar algo que me fizesse dormir. Busco daqui, busco dali
e nada. Pensei num último recurso: a TV Senado, a reapresentação da sessão
plenária.
A sorte poderia me trazer um discurso do Suplicy. A
esperança não era infundada. Suplicy é um senador assíduo no plenário e sempre
se inscreve para falar. Como sonífero natural, não há nada melhor. Um único
discurso de Suplicy equivale a 2 baldes de maracujina.
Ademais, o Senador paulista gosta de ler cartas desde a
tribuna. Não são cartas dirigidas a ele. São essas manifestações públicas as
quais qualquer um poderia ter acesso, se lhe interessasse, sem a mediação do
nobre Senador. Mas Suplicy as lê desde a tribuna do Senado. As lê e rompe em copioso
choro.
E não é um chororô qualquer. Não. Quando chora, Suplicy não
economiza. Não só o rosto fica banhado em lágrimas, mas também a gravata, os
papéis, o lenço, o microfone. Suplicy funga, gagueja, a voz o abandona, volta
entrecortada e vai do barítono mais profundo ao falsete. Suplicy gasta todos os
RR, todos os eeennndo do sotaque paulistano para externar seu pesar, sua
emoção.
Você, minha amiga, que é sensível e se apieda dos sensíveis,
dirá que Suplicy é um emotivo profissional. Pode ser, pode ser, mas constrange.
Assistir tamanho berreiro vindo de um pai da Pátria, constrange.
Imagino que após a leitura das missivas, Suplicy seja
encaminhado ao serviço médico do Senado para reidratação e dose reforçada de
algum tarja preta poderoso.
Mas naquela noite insone, o bravo Senador não discursava. Somente
alguns dias depois, ele leu a carta de Angelina Jolie. Pois é, Suplicy leu a
carta de Angelina Jolie que saíra publicada em todos os jornais do mundo.
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