terça-feira, 21 de maio de 2013

O choro de Suplicy



                Foi na semana passada. Amargava uma insônia e corria os canais da TV para encontrar algo que me fizesse dormir. Busco daqui, busco dali e nada. Pensei num último recurso: a TV Senado, a reapresentação da sessão plenária.
                A sorte poderia me trazer um discurso do Suplicy. A esperança não era infundada. Suplicy é um senador assíduo no plenário e sempre se inscreve para falar. Como sonífero natural, não há nada melhor. Um único discurso de Suplicy equivale a 2 baldes de maracujina.
                Ademais, o Senador paulista gosta de ler cartas desde a tribuna. Não são cartas dirigidas a ele. São essas manifestações públicas as quais qualquer um poderia ter acesso, se lhe interessasse, sem a mediação do nobre Senador. Mas Suplicy as lê desde a tribuna do Senado. As lê e rompe em copioso choro.
                E não é um chororô qualquer. Não. Quando chora, Suplicy não economiza. Não só o rosto fica banhado em lágrimas, mas também a gravata, os papéis, o lenço, o microfone. Suplicy funga, gagueja, a voz o abandona, volta entrecortada e vai do barítono mais profundo ao falsete. Suplicy gasta todos os RR, todos os eeennndo do sotaque paulistano para externar seu pesar, sua emoção.
                Você, minha amiga, que é sensível e se apieda dos sensíveis, dirá que Suplicy é um emotivo profissional. Pode ser, pode ser, mas constrange. Assistir tamanho berreiro vindo de um pai da Pátria, constrange.
                Imagino que após a leitura das missivas, Suplicy seja encaminhado ao serviço médico do Senado para reidratação e dose reforçada de algum tarja preta poderoso.
                Mas naquela noite insone, o bravo Senador não discursava. Somente alguns dias depois, ele leu a carta de Angelina Jolie. Pois é, Suplicy leu a carta de Angelina Jolie que saíra publicada em todos os jornais do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário