Já dizia o Chacrinha que na televisão nada se cria, tudo se
copia. O fenômeno é antigo como a própria maquininha de fazer doido. Já no
tempo do Velho Guerreiro, o hábito de copiar a ideia alheia era comum, usual,
mas ainda estávamos longe de ver a desfaçatez dos dias de hoje.
As fórmulas de sucesso são copiadas até a exaustão nos
canais das TVs, pagas e abertas. Muitas vezes vemos 3 ou 4 programas
absolutamente iguais sendo exibidos no mesmo horário em canais distintos.
Os campeões das cópias são os "realities shows". Destes há
para tudo: cabeleireiros, cozinheiros, encantadores de cachorros, vendedores de
quinquilharias, caminhoneiros, cabeleireiros de cachorro, casamenteiros,
aventureiros solitários e em duplas, conselheiros de moda, recuperação de
viciados. De cada um dos tipos pelo menos 2 programas. E, de alguns, suas
respectivas cópias nacionais.
O engraçado é que de “reality” eles não têm nada, é tudo
forjado como aquelas lutas de mascarados que já fizeram sucesso no Brasil nos
anos 60 e que continuam tendo grande audiência entre americanos e mexicanos.
Além dos "realities
shows", essa praga que assola a humanidade, outro tipo de programa que vem
ganhando espaço nas TVs por assinatura é o "Stand Up Show". No canal 85 da SKY há
uma série deles e, claro, uma cópia brasileira da fórmula americana.
Os americanos têm suas idiossincrasias, suas bossas, seu
jeito de ver a vida e o mundo, e isso se reflete na sua criatividade e senso de
humor. O problema é quando tentamos imitá-los. É como Chitãozinho e Chororó com aqueles
imensos chapéus texanos fazendo sombra para suas diminutas figuras. Chapéu de
John Wayne não orna em cabeça de caboclo.
No caso dos “Stand Up Shows” acontece o mesmo. Não é nosso
tipo de graça. Não nos sai bem. Mas os programadores do canal 85 acham que sim
e não só promovem os tristes espetáculos, como usam nas chamadas dos tais
programas, um trecho da apresentação de Danilo Gentili.
Ora, todos sabemos que Gentili é mais sem graça que namoro
de crente, mas eu pensava que ele ficava nisso, na falta total de jeito para o
negócio de humor. Não. O sujeito, durante os poucos segundos que dura a
chamada, nos brinda com o que há de mais grotesco, mais chulo, mais boçal de
tudo que já foi mostrado na TV brasileira.
Mas, verdade seja dita, quem alçou a grosseria de Gentili e
afins, ao patamar de comedia, foi a distinta audiência. No afã de copiar o modo
de vida americano, seus valores, trejeitos e até mesmo seu humor, nossa classe média usa , sem o menor senso de ridículo, o chapelão do cowboy.
Nenhum comentário:
Postar um comentário