terça-feira, 14 de maio de 2013

O chapéu de John Wayne



                Já dizia o Chacrinha que na televisão nada se cria, tudo se copia. O fenômeno é antigo como a própria maquininha de fazer doido. Já no tempo do Velho Guerreiro, o hábito de copiar a ideia alheia era comum, usual, mas ainda estávamos longe de ver a desfaçatez dos dias de hoje.
                As fórmulas de sucesso são copiadas até a exaustão nos canais das TVs, pagas e abertas. Muitas vezes vemos 3 ou 4 programas absolutamente iguais sendo exibidos no mesmo horário em canais distintos.
                Os campeões das cópias são os "realities shows". Destes há para tudo: cabeleireiros, cozinheiros, encantadores de cachorros, vendedores de quinquilharias, caminhoneiros, cabeleireiros de cachorro, casamenteiros, aventureiros solitários e em duplas, conselheiros de moda, recuperação de viciados. De cada um dos tipos pelo menos 2 programas. E, de alguns, suas respectivas cópias nacionais.
                O engraçado é que de “reality” eles não têm nada, é tudo forjado como aquelas lutas de mascarados que já fizeram sucesso no Brasil nos anos 60 e que continuam tendo grande audiência entre americanos e mexicanos.
                 Além dos "realities shows", essa praga que assola a humanidade, outro tipo de programa que vem ganhando espaço nas TVs por assinatura é o "Stand Up Show". No canal 85 da SKY há uma série deles e, claro, uma cópia brasileira da fórmula americana.
                Os americanos têm suas idiossincrasias, suas bossas, seu jeito de ver a vida e o mundo, e isso se reflete na sua criatividade e senso de humor. O problema é quando tentamos imitá-los.  É como Chitãozinho e Chororó com aqueles imensos chapéus texanos fazendo sombra para suas diminutas figuras. Chapéu de John Wayne não orna em cabeça de caboclo.
                No caso dos “Stand Up Shows” acontece o mesmo. Não é nosso tipo de graça. Não nos sai bem. Mas os programadores do canal 85 acham que sim e não só promovem os tristes espetáculos, como usam nas chamadas dos tais programas, um trecho da apresentação de Danilo Gentili.
                Ora, todos sabemos que Gentili é mais sem graça que namoro de crente, mas eu pensava que ele ficava nisso, na falta total de jeito para o negócio de humor. Não. O sujeito, durante os poucos segundos que dura a chamada, nos brinda com o que há de mais grotesco, mais chulo, mais boçal de tudo que já foi mostrado na TV brasileira.
                Mas, verdade seja dita, quem alçou a grosseria de Gentili e afins, ao patamar de comedia, foi a distinta audiência. No afã de copiar o modo de vida americano, seus valores, trejeitos e até mesmo seu humor, nossa classe média usa , sem o menor senso de ridículo, o chapelão do cowboy.



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