No princípio era o produto. E fez-se a propaganda e Deus
gostou disso. Cada vez mais popular e engraçadinha a propaganda ganhou vida própria. Propagandas, reclames, anúncios, são muito superiores aos produtos.
Coma um hamburguer do maquidonaldi e você vai entender o que estou falando.
Muitas vezes a propaganda prescinde do produto.
Na política, o hábito de vender só a embalagem vazia é a
moda de uns tempos para cá. E o pior é que os marqueteiros dos políticos nem
escondem o jogo. Escrevem livros, dão entrevistas, fazem palestras e seminários
sobre a arte de vender o nada. São responsabilizados por vitórias que pareciam
impossíveis, elegem postes, doutrinam candidatos e eleitores. Tanto é assim que
seus serviços valem ouro e os grandes nomes da enganação por encomenda são mais
disputados em ano eleitoral que avião da FAB em feriado.
Mas a maestria dos políticos e seus propagandistas em venderem
o que não têm não é novidade no terreno (olha que eu escrevi terreno e não
terreiro) religioso. Há muito tempo que curas milagrosas, passagens para o
jardim do éden e autógrafos de Jesus são vendidos só na base da propaganda e a
procura anda maior que a oferta.
Cansada de perder clientes para os evangélicos, a igreja
católica resolveu que era hora de modernizar-se e partir para a propaganda
agressiva dos dias atuais. Os carismáticos estão na TV vendendo de tudo, desde
bíblias até excursões à terra santa. E pedindo grana sem oferecer nada em troca
a não ser a promessa de um terreno no céu sem igreja evangélica por perto.
Agora é a vez do próprio Vaticano vender seu peixe depois de devidamente
multiplicado.
Na capa de Veja desta semana vemos a foto do Sumo Pontífice
e o reclame: O Papa dos pobres. Não que a igreja romana tenha planejado alguma
ação para amparar os mais necessitados ou algo assim, pelo contrário, a assunção
de Bergoglio é uma pá de cal nas comunidades de base e na teologia da
libertação que já havia sofrido duas derrotas seguidas com as escolhas dos dois
antecessores do argentino e a ascensão dos carismáticos como novos queridinhos
da Santa Sé. A capa da revista retrata a nova estratégia do Vaticano. É apenas propaganda. Faz parte de uma campanha
publicitária que começou com a divulgação dos atos de extrema humildade de
Francisco. E que melhor meio para divulgar essa campanha que a revista dos mil
e um anúncios?
Entre as atitudes humildes propagandeadas, consta que o Papa
desdenhou um crucifixo de ouro para usar um de prata e que trocou a residência
oficial do vaticano por uma outra, mais modesta. Não que a joia desdenhada
tenha sido dada para obras pias nem que o palácio dos papas tenha sido usado
para abrigar os sem teto. Tudo continua lá, intacto. É só propaganda. Mas como
a coisa é narrada, parece que Francisco comprou seu crucifixo na Rua da
Alfândega e foi morar num conjugado na Barata Ribeiro.
Mas por que “papa dos
pobres”? O que ganham os pobres com a escolha de Bergoglio? Nada. A moderna propaganda
não precisa de um produto, e sim de um fim. O que se pretende é dar
visibilidade à Igreja Católica que a cada dia perde mais clientes e prestígio.
O Vaticano seguirá promovendo as viagens internacionais de
Francisco para tentar recuperar, através da propaganda, os fiéis que debandam
do catolicismo depois dos escândalos de pedofilia e sacanagem generalizada
entre padres, bispos e cardeais. Mas como anda ostentando humildade, não fará
gastos com isso e deixará que os hospedeiros de Sua Santidade paguem as
despesas.
Muito bom comentário. Parabéns.
ResponderExcluirNão esqueçam do desvio de 20 milhões de dólares do Banco do Vaticano, que foram levados para a Suíça, para lavar dinheiro SUJO. O dinheiro era as aplicações de modestos depositantes, e desapareceu. A Polícia Italiana já indiciou os gatunos, todos do Vaticano.
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