sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Campanha eleitoral







Em cidades pequenas como a minha, não há repetidoras de sinal de TV, portanto, na propaganda eleitoral gratuita veiculada por esse meio de comunicação, não vemos os candidatos locais. Esse tema já mereceu discussão pelo TSE. A questão parece insolúvel.
Para que seus nomes cheguem aos eleitores, esses candidatos locais contam com o conhecimento prévio, além dos santinhos, cartazes e os famigerados carros de som que circulam todo o dia pela cidade durante todo o tempo permitido pela legislação eleitoral.
Pelo menos aqui, o som infernal não traz nenhuma proposta, nenhuma idéia, nem sequer menciona a sigla dos partidos que pedem o voto.
Penso que a omissão da sigla partidária tem duas funções: primeiro facilita o voto dos analfabetos que poderiam se perder na sopa de letrinhas partidárias. (No Brasil temos 30 partidos registrados junto ao TSE, 29 estão nessa disputa municipal.) Outra função seria a de tentar esconder a sigla. Basta que ouçamos  os nomes dos grandes partidos ou as letras que os identificam, para fazermos rapidamente uma conexão mental com algum escândalo de corrupção. Escutamos 2, 3 ou 4 letras e já nos vem à mente a imagem de algum deputado, senador, prefeito ou governador acusado das piores pilantragens, dos maiores desmandos.
Mas o que traz então o som que nos desperta, que acorda os bebês, que interrompe a sesta dos velhos e o descanso dos doentes? Traz musiquinhas. Não músicas originais, senão paródias dos sucessos da atualidade. Músicas de Teló, Santana e outros bichos, recebem letras alusivas às candidaturas. O que era o purgatório de nossa existência, passa a ser um inferno nesses dias que deveriam ser de afirmação da democracia.
Outro dia, enquanto pedalava indo ao supermercado, fui perseguido por um desses carros de som que seguia em marcha lenta logo atrás de mim. Com um vento nordeste contra e a saúde a meia boca, não pude acelerar para livrar-me da horrível sinfonia dos infernos. Tampouco havia alguma rua para virar, nem à direita nem à esquerda. Assim que por uns duzentos e lentos metros, tive que ouvir uma dúzia de vezes uma voz estridente, no melhor estilo sertanejo universitário, bradar no meu ouvido:_ “Eu quero já, eu quero já, votar no 25, votar no 25”.
Se algum dia eu enlouquecesse e resolvesse votar nesse moribundo partido, após a penitência de ouvir sua triste paródia política por tanto tempo, eu teria desistido de dar meu voto.

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