sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Técnico estrangeiro? Pra que?







Você pode achar que eu implico com o Juca Kfouri. Muito pelo contrário, muito pelo contrário. Tenho na figura do Turco um exemplo de retidão profissional, de jornalista arguto e pouco afeito às pompas do mundo. O cara não é adepto do jornalismo subserviente, nem faz composições oportunistas com os poderosos do futebol. É homem de opinião e mostra a cara.
Mas vez por outra Juca Kfouri me deixa perplexo. Não em sua última coluna ou na penúltima, mas muitas vezes ele vem defendendo a contratação de um técnico estrangeiro para nossa seleção. Ele fala “estrangeiro”, não esclarece se o sujeito deva ser Jordaniano ou Japonês, Uruguaio ou Afegão. Parece que o único requisito é não ter nascido nessa terra descoberta por Cabral. E não só para a seleção, Juca quer ver técnicos gringos também nos clubes. Creio que o decano jornalista não anda prestando a devida atenção aos fatos que deveriam ser a matéria prima de seu ofício.
Se disse que não era na sua última coluna nem na penúltima é porque nessas, Juca Kfouri deu-se ao trabalho de nos surpreender com um novo estilo. Para melhor se comunicar com você e comigo, o Turco resolveu chamar-nos de raro leitor, rara leitora. Fica até bonito estilisticamente, quase simpático. Mas não é verdade, é falso, é postiço. Juca Kfouri é um dos jornalistas esportivos mais lidos no país por quem realmente se interessa por futebol e não por fofocas esportivas.
Quando eu trato você por “você”, é que muitas vezes só conto com sua benevolência para dividir comigo uns pensamentos, umas divagações. Não é questão de estilo, é apenas a constatação de que estou conversando com uns poucos, uns raros. Mas não importa o tamanho do público e sim sua qualidade. E aqui, bajulo você para que me siga num raciocínio que começa a parecer pueril em comparação a todas as vozes que se levantam para afirmar o contrário.
A tese do Juca, de que precisamos de técnicos estrangeiros, também é defendida por muitos de seus colegas de profissão. Tostão é um deles. Nada me parece mais absurdo. Senão, vamos aos fatos: Das 19 Copas disputadas, a Seleção Brasileira ficou entre as 4 melhores por 10 vezes, 7 vezes entre as 2 melhores, 5 vezes campeã. Sempre com técnicos brasileiros. A última conquista foi em 2002, dez anos atrás, o que não é nenhuma eternidade, foram só 2 Copas. Nesse ínterim ganhamos 2 Copas das Confederações, 2 Copas América e uma medalha olímpica. Sempre com técnicos brasileiros.
Se quisermos agregar mais alguns fatos que andam esquecidos por Juca Kfouri, podemos citar que a seleção portuguesa teve seus 2 melhores desempenhos em Copas quando foi comandada por técnicos brasileiros, o mesmo aconteceu com a seleção peruana. A única vez que a Jamaica foi à Copa seu técnico era René Simões. Parreira é, ao lado de Bora Milutinovic, o técnico que mais Copas disputou, com a vantagem de ter ganho uma delas.
Amanhã disputaremos a final do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos. Não sei se ganharemos ou não. Sei, sim, que uma medalha está garantida e que a Seleção foi uma vez mais comandada por um técnico brasileiro. Ficaram fora a seleção da Espanha, tão citada por comentaristas brasileiros como o supra sumo do futebol e também a seleção uruguaia e seu técnico tão endeusado pelo 4° lugar que conquistou na África do Sul e por ter sido campeão da Copa América. Pelo caminho também ficaram os donos da casa, e a Argentina sequer se classificou para o torneio.
Tendo por comandante um técnico brasileiro, a Seleção já botou uma medalha no peito. Amanhã saberemos de que metal.


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