terça-feira, 21 de agosto de 2012

O voto religioso







Parece que o futuro do Brasil está no voto religioso. Em São Paulo, cidade mais importante do país, já começou o beija mão dos líderes religiosos de araque.
No último dia 5 de agosto, José Serra assistiu culto na Igreja Mundial e sua candidatura foi abençoada pelo Bispo Waldemiro Santiago. Alkimim também estava presente. É a segunda vez que o homem da Opus Dei visita a mega igreja do bispo que mais fatura no país. Um jornalista presente, disse que, mesmo saindo mais cedo, Serra presenciou Waldemiro pedindo dinheiro aos fiéis. Ora, basta passar na porta de qualquer desses centros de charlatanismo para ouvir os pedidos de dízimos e ofertas. Nesses templos se fala mais em dinheiro do que na bolsa de valores.
Russomano, segundo lugar nas pesquisas de intenções de votos, é candidato da Igreja Universal, dona do PRB e Haddad contou com a nomeação do Bispo Crivela para o Ministério da Pesca para aplainar sua candidatura junto aos crentes que o vêem como o autor do kit gay. Parece que não está dando certo.
No Rio,  Eduardo Paes tem ido à missa para provar seu catolicismo e outros candidatos fazem reuniões com líderes da franquia Assembléia de Deus, não para expor seus planos de governo, mas para aceitar as imposições que esses propagadores do atraso fazem.
A franquia Assembléia de Deus vai lançar candidatos “próprios” a vereador em todos os municípios brasileiros, sinal de que teremos mais leis municipais impondo rezas nas escolas e nas Câmaras de Vereadores. Mais dinheiro público destinado a monumentos a Cristo e a bíblia. Mais homofobia financiada pelo erário público. Nas próximas eleições o armazém de secos e molhados religioso terá sua própria sigla, o PEN, Partido Ecológico Nacional. A mistura de ecologia e fundamentalismo cristão promete fazer estragos. O novo partido, o 30º a ter sua inscrição aceita junto ao TSE, é a cara de Marina Silva mas parece que a ex-senadora já recusou o convite para ingressar na sigla pentecostal.
A busca pelo apoio de religiosos, principalmente dos neo-pentecostais, fará com que o país retire de pauta discussões importantes como a legalização do aborto e do uso de drogas. Para essa gente não existe discussão possível sobre certos temas. São irredutíveis, põem a bíblia sobre a constituição e querem anular direitos já conquistados pela cidadania tais como o aborto de anencéfalos e o reconhecimento da relação estável entre pessoas do mesmo sexo. O líder da bancada evangélica, Dep. João Campos, apresentou projeto para que decisões do STF passem pelo crivo do parlamento. O projeto é ridículo, fere a própria constituição e a independência dos poderes. Ainda assim mostra o caráter virulento dos políticos ligados aos grupos neo-pentecostais.
Os crimes de abuso da fé pública e charlatanismo, praticados diariamente por bispos e pastores, e que seriam facilmente combatidos, agora contam com a vista grossa de nossas autoridades. Waldemiro vai poder continuar cobrando o dízimo em dobro e propalando milagres. Mais e mais concessões para operação de rádios e TVs serão dadas a Edir Macedo e R.R Soares e novas seitas surgirão com tantas facilidades para agirem à margem da constituição e das leis infra-constitucionais.
O avanço das seitas na política tem como característica a mesma cara de pau que vemos nos templos. Se os pastores e bispos não se acanham em tomar o dinheiro de quem só tem para comer e até o único par de tênis de uma criança, é claro que não vão ficar corados apresentando projetos que só favorecem ás próprias seitas e seu projeto de tomada do poder civil. Hoje tramita no congresso projeto que propõe subsídio nas faturas de energia elétrica para templos e igrejas. Nas câmaras municipais de todo país, vereadores propõem doações de imóveis públicos para igrejas. Marchas para Cristo, de nítido tom homofóbico, são financiadas com dinheiro público. E por aí vai.
Como diria Lula, jamais na história desse país se viu tamanho avanço da religião sobre o espaço público. O Estado laico está por um fio.

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