quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Catarinenses






                Ao tomar posse no Supremo Tribunal Federal em novembro do ano passado, Teori Zavaschi tornou-se o mais proeminente dos catarinenses. Você poderá dizer que um ministro do Supremo não é nenhuma celebridade, que poucos conhecem a composição daquela colenda Corte, que quase ninguém fará a associação entre o magistrado e o estado sulino. É verdade.
                Acontece que Santa Catarina é carente de quem a represente em carne e osso perante o país. O último nome conhecido nacionalmente foi Guga que, com sua fama e suas vitórias, fez aparecer o nome do estado e até o de seu time, o Avaí. Mas como o tênis não é um esporte de multidões, quando o atleta resolveu parar, acabou-se. Santa Catarina voltou ao ostracismo, sumiu dos noticiários.
                Os políticos catarinenses são de pouca ou nenhuma relevância no cenário nacional. Salvo Ideli Salvati. Mas, cá entre nós, a impressão que tenho, quando a vejo, é que se Lula ou Dilma jogar um osso, Ideli volta com ele entre os dentes, abanando o rabinho. Ademais de não ser catarinense nata, Ideli tem contra si o caso das lanchas do Ministério da Pesca. Graças à CPI do Cachoeira e ao julgamento do mensalão, o escândalo foi esquecido. Esquecido e arquivado pela Comissão de Ética da Presidência da República. 
                O Ministério da Pesca foi criado para ser feudo dos catarinenses e prestigiar algum político local já que o PT tem muitas dificuldades eleitorais no estado. O nome escolhido por Lula foi José Fritsch. De sua passagem pela pasta, pouco ou nada se sabe. Não desenvolveu nenhuma ação para a melhoria da atividade pesqueira nem jamais foi visto próximo ao litoral. Homem do oeste catarinense, Fritsch nasceu, cresceu e foi prefeito a quilômetros de distância do mar. A pesca, nem de longe, é sua praia. Outro catarinense o sucedeu no Ministério, Altemir Gregolin que, por sua vez, foi sucedido por Ideli Salvati. Dos dois, só restou o escândalo das lanchas.
                No cinema, Sílvio Back é o catarinense mais conhecido. O cineasta fez dezenas de fitas, entre elas, Rádio Auriverde e Aleluia Gretchen. Seus filmes são de produção ruim, péssimas interpretações e, no caso dos dois citados, germanófilos. Sílvio Back também é escritor. Seus filmes jamais foram sucesso de público, nem poderiam ser. O negócio de Back são os festivais nos quais os coleguinhas se premiam mutuamente.
                A colonização eminentemente européia do estado que, segundo os xenófilos, deveria produzir requintes de cultura, mostrou-se estéril no campo das artes. O grande literato catarinense, reconhecido em todo o país, foi Cruz e Souza, que era negro.
                Na música popular, não há nenhum barriga verde que tenha se destacado no rico cenário brasileiro. Assim como na literatura, existem nomes locais ou mesmo regionais, mas ninguém que seja identificado como um representante do estado, além divisas.
                Mas não é por falta de personagens que os catarinenses vão se acanhar. Se não há nomes de relevo, inventa-se. Assim fez o Diário Catarinense em sua edição de 5 de agosto de 2012.
                Na capa do caderno “Donna”, voltado para o público feminino, está a fotografia de um rapaz com os dizeres, “Ele é o cara e é nosso”. Mas, qual era o motivo de tamanho júbilo bairrista por parte do jornal? Não se tratava de nenhum neurocientista ou cirurgião cardíaco. Tampouco era um escritor premiado, ou jogador de futebol. O rapaz é fotógrafo de moda. Pois é, ele fotografa modelos. É, praticamente, um radiologista. Mas, segundo dizia a reportagem, que ocupava 4 páginas no corpo do interessantíssimo caderno, “ele é o queridinho das top models”. Pronto, bastou. Ganhou reportagem de 4 páginas e capa.
                Claro que o rapaz não tem nada a ver com isso. Ele apenas tenta ganhar a vida honestamente, ou quase isso, fotografando o que resta das moças que viraram modelos. Talvez, na infância, seu sonho fosse fotografar a vida selvagem ou filmar a abertura de uma tumba de faraó. Mas, pelas voltas que o mundo dá, acabou nessa profissão, quase um legista forense.
                Com a ascensão de Zavascki ao Supremo, os catarinenses têm um nome que pode representar o estado e seu povo diante do Brasil. Mas, coisas de nossos dias, ele dificilmente será chamado de “o cara” ou merecerá reportagem de 4 páginas no suplemento dominical de um jornal.





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