Ao tomar posse no Supremo Tribunal Federal em novembro do
ano passado, Teori Zavaschi tornou-se o mais proeminente dos catarinenses. Você
poderá dizer que um ministro do Supremo não é nenhuma celebridade, que poucos
conhecem a composição daquela colenda Corte, que quase ninguém fará a
associação entre o magistrado e o estado sulino. É verdade.
Acontece que Santa Catarina é carente de quem a represente
em carne e osso perante o país. O último nome conhecido nacionalmente foi Guga
que, com sua fama e suas vitórias, fez aparecer o nome do estado e até o de seu
time, o Avaí. Mas como o tênis não é um esporte de multidões, quando o atleta
resolveu parar, acabou-se. Santa Catarina voltou ao ostracismo, sumiu dos
noticiários.
Os políticos catarinenses são de pouca ou nenhuma relevância
no cenário nacional. Salvo Ideli Salvati. Mas, cá entre nós, a impressão que
tenho, quando a vejo, é que se Lula ou Dilma jogar um osso, Ideli volta com ele
entre os dentes, abanando o rabinho. Ademais de não ser catarinense nata, Ideli
tem contra si o caso das lanchas do Ministério da Pesca. Graças à CPI do
Cachoeira e ao julgamento do mensalão, o escândalo foi esquecido. Esquecido e
arquivado pela Comissão de Ética da Presidência da República.
O Ministério da Pesca foi criado para ser feudo dos
catarinenses e prestigiar algum político local já que o PT tem muitas
dificuldades eleitorais no estado. O nome escolhido por Lula foi José Fritsch.
De sua passagem pela pasta, pouco ou nada se sabe. Não desenvolveu nenhuma ação
para a melhoria da atividade pesqueira nem jamais foi visto próximo ao litoral.
Homem do oeste catarinense, Fritsch nasceu, cresceu e foi prefeito a
quilômetros de distância do mar. A pesca, nem de longe, é sua praia. Outro
catarinense o sucedeu no Ministério, Altemir Gregolin que, por sua vez, foi
sucedido por Ideli Salvati. Dos dois, só restou o escândalo das lanchas.
No cinema, Sílvio Back é o catarinense mais conhecido. O cineasta
fez dezenas de fitas, entre elas, Rádio Auriverde e Aleluia Gretchen. Seus
filmes são de produção ruim, péssimas interpretações e, no caso dos dois
citados, germanófilos. Sílvio Back também é escritor. Seus filmes jamais foram
sucesso de público, nem poderiam ser. O negócio de Back são os festivais nos
quais os coleguinhas se premiam mutuamente.
A colonização eminentemente européia do estado que, segundo
os xenófilos, deveria produzir requintes de cultura, mostrou-se estéril no
campo das artes. O grande literato catarinense, reconhecido em todo o país, foi
Cruz e Souza, que era negro.
Na música popular, não há nenhum barriga verde que tenha se
destacado no rico cenário brasileiro. Assim como na literatura, existem nomes
locais ou mesmo regionais, mas ninguém que seja identificado como um
representante do estado, além divisas.
Mas não é por falta de personagens que os catarinenses vão
se acanhar. Se não há nomes de relevo, inventa-se. Assim fez o Diário
Catarinense em sua edição de 5 de agosto de 2012.
Na capa do caderno “Donna”, voltado para o público feminino,
está a fotografia de um rapaz com os dizeres, “Ele é o cara e é nosso”. Mas,
qual era o motivo de tamanho júbilo bairrista por parte do jornal? Não se tratava
de nenhum neurocientista ou cirurgião cardíaco. Tampouco era um escritor
premiado, ou jogador de futebol. O rapaz é fotógrafo de moda. Pois é, ele fotografa
modelos. É, praticamente, um radiologista. Mas, segundo dizia a reportagem, que
ocupava 4 páginas no corpo do interessantíssimo caderno, “ele é o queridinho
das top models”. Pronto, bastou. Ganhou reportagem de 4 páginas e capa.
Claro que o rapaz não tem nada a ver com isso. Ele apenas
tenta ganhar a vida honestamente, ou quase isso, fotografando o que resta das
moças que viraram modelos. Talvez, na infância, seu sonho fosse fotografar a vida
selvagem ou filmar a abertura de uma tumba de faraó. Mas, pelas voltas que o
mundo dá, acabou nessa profissão, quase um legista forense.
Com a ascensão de Zavascki ao Supremo, os catarinenses têm
um nome que pode representar o estado e seu povo diante do Brasil. Mas, coisas
de nossos dias, ele dificilmente será chamado de “o cara” ou merecerá
reportagem de 4 páginas no suplemento dominical de um jornal.
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