segunda-feira, 7 de outubro de 2013

De calcinha, fritando um ovo


Ando sempre fazendo o que condeno que outros façam. Tenho essa falha de caráter que se junta à muitas outras para formar o buquê de minhas vergonhas. Não alego que seja tarde para mudar, nunca é. Acontece que sou preguiçoso e comodista, mais que nada, acomodado nas minhas fraquezas. Paciência.
Como já disse aqui, nada mais chato que um contador de sonhos. E há muitos. Seu defeito não é apenas narrar o sonho que teve, mas mentir sobre ele. O contador de sonhos cria enredos mais inverossímeis do que os da novela da Globo para seus sonhos. Sabemos que tais enredos não habitam o mundo onírico. Apenas escutamos, pacientemente, o contador de sonhos e nos entediamos em silêncio. Jamais lhe cremos.
 Acho que Jung é que era o especialista nesse negócio de sonhos. Eu nunca li Jung. O mais perto que cheguei da interpretação dessas manifestações do subconsciente, foi em 78. Eu morava no Méier e li um livro do Erich Fromm que abordava o tema. Pouco me lembro daquela leitura. Já faz tempo e o livro não foi tão impactante assim. Lembro sim, que morava no Méier. Do lado de lá da via do trem, do lado do Jardim do Méier, da igreja, do hospital e dos bombeiros, na Visconde de Tocantins.
Bem, como sugeri vou relatar um sonho e lhe dou toda a liberdade para, sem nenhuma cerimônia, abandonar aqui mesmo essa narração que já está adiantada sem nada ter dito.
Minha tardança vem do constrangimento que me causa contar o que sonhei, ou melhor, em contar com quem sonhei. Pois lá vai: eu sonhei com a Gleisi Hoffman.
Não foi o tipo de sonho que você está pensando, minha lúbrica amiga. Nem acho que a figura da pequena ministra se preste aos sonhos libidinosos. Não que seja desprovida de encantos, não. A baixinha até que é bonitinha com seu olhar de míope. Tampouco são seus ministeriais tailleur que impedem um sonho licencioso. Não é isso, já despi, em pensamentos, muitas mulheres de tailleur. Ministras inclusive. Ministras da Suprema Corte inclusive.
O que faz de Gleisi inacessível ao sensual é seu jeito de filha de pastor luterano, seu cabelo de rainha do laquê imune às ventanias e, principalmente, sua maneira de falar; impositiva, inflexível, chata. 
Pois é, Gleisi tem jeito de mulher chata. Mesmo num sonho ela não deixa de parecer chata. Não consigo sequer imaginá-la indo de calcinha fritar um ovo restaurador de energias ou saltando suada da cama a buscar uma cerveja para o refrigério. Acho que Gleise jamais fritaria um ovo para mim depois do amor. Gleisi não freqüentaria aquele apartamento conjugado e eu não a veria sair da cama de calcinha para fritar um ovo.
Não posso ter um sonho erótico com uma mulher que não consigo imaginar, de calcinha, numa tarde quente, fritando um ovo num apartamento conjugado.








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