segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Deus boleiro


 Não, não é a fome que sofre 1 de cada 8 habitantes do planeta, nem as guerras, nem as secas, nem a devastação ambiental. Tampouco a pedofilia praticada por padres, pastores bispos de araque. Não, o que parece ser a prioridade de Deus são os jogos de futebol. Pelo menos assim pensam os atletas de Cristo.
Ao fim de cada partida ouvimos dos jogadores vencedores, que Deus os honrou com gols e vitórias, que Deus lhes foi fiel. Não importa se na equipe adversária haja número igual de crentes. O verdadeiro fanático crê que ele e Deus têm uma relação pessoal e que sua prece e dízimo valem mais que os de outros. Que seu clamor foi atendido, e daí o gol, o título de campeão, o contrato na Europa. E haja dedinhos apontando para o céu após cada tento.
Se há alguns anos atrás, tínhamos somente boleiros como atletas de Cristo, hoje temos surfistas de Cristo, lutadores de Cristo, skatistas de cristo e, certamente, jóqueis de Cristo. Para estes, deve existir um Deus que abençoa pules, e dá agulhadas e chicotadas em cavalos. E por que não Deus nas rinhas de galo?  Um Deus de cócoras afiando esporões? Se Deus se mete nas peladas da 2ª divisão do campeonato gaúcho, por que não nas rinhas de galo ou nas praças de touros?
Como a prática de aliciar crianças é comum entre os fanáticos, em breve teremos os jogadores de bolinha de gude de Cristo e soltadores de pipa de Cristo usando cerol abençoado. (Taí, nessa o Valdemiro ainda não pensou).
Claro, o que nos toca mais de perto são os boleiros. O jogo da bola é nosso esporte mais popular. Entre seus praticantes é que, crianças, encontramos nossos ídolos. 
De olho não só nos polpudos dízimos que desembolsam os jogadores fanatizados, mas principalmente no poder de aliciamento que detêm os craques, é que os donos de igrejas, templos e outros bazares os transformam em zumbis da fé. 
Os atletas de Cristo, sequer se dão ao trabalho de tirar a camisa do clube que amamos para fazer proselitismo religioso. Pelo contrário. Imagino que eles devam ser orientados para buscar adesões de novos fieis no calor da vitória, na alegria da conquista. Ainda suados e com as canelas em frangalhos, esses moços, fazem gratuitamente propaganda para o que há de mais lucrativo no mercado da empulhação.
Associando seu deus a jogos de futebol, os atletas de Cristo o transformam num ser fútil, banal, irresponsável de suas obrigações de criador, de dono do mundo. O tornam ridículo.



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