sábado, 26 de outubro de 2013

Reforma agrária


Estamos no final de outubro. Pouco mais de dois meses nos separam do próximo ano e só agora a Presidenta Dilma assinou o primeiro ato de desapropriação de terras para fins de reforma agrária, do ano.
Não que a presidenta não se dê conta da importância da redistribuição de terras para redistribuir renda e fazer-se justiça aos milhões de trabalhadores rurais sem terra. Não é isso. Não falta à nossa presidenta nem sensibilidade social nem conhecimento dos problemas do país, mas Dilma Roussef é herdeira das alianças espúrias feitas por seu partido com o que há de mais abjeto na política nacional.
Essas alianças vêm desde o governo Lula e ganharam espaço dentro do governo Dilma. Afinal, com a defecção de muitos aliados de primeira hora como o PSB de Eduardo Campos e a ala verde encabeçada por Marina Silva, que partem em busca de carreira solo, os articuladores políticos do governo e do PT, para ganhar eleições e garantir a tal governabilidade, fazem qualquer negócio.  
Entre essas alianças a mais nociva aos interesses do país é a que o PT perpetrou com o latifúndio. Essa aliança, que a cada dia é mais explícita, começa a desestabilizar as relações do governo com o MST, até aqui pacífica e de confiança. Prova disso foram as mobilizações que o movimento comandou nos últimos dias em que vários órgãos governamentais foram tomados por seus militantes.
 Um exemplo dessa aliança perversa com o latifúndio? O novo código florestal. Outro? A impunidade reinante para os crimes contra lideranças indígenas e camponesas.
Posição tão cômoda levou os representantes do agronegócio (ou agrobusines, como gostam de falar nossos caipiras milionários) para a ofensiva. Já não lhes basta paralisar a tímida reforma agrária que aqui é feita somente sobre terras improdutivas. Agora partem em busca de reservas indígenas e ambientais.
A senadora Kátia Abreu, Presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e sua voz no parlamento, deu de escrever disparates nos jornais. Em sua coluna na Folha de São Paulo faz afirmações esdrúxulas, tece teses antropológicas estapafúrdias, cita estudos encomendados, ameaça. E das ameaças parte-se para os fatos.
Não faz muito tempo vimos a senadora do Tocantins descendo a rampa do Palácio do  Planalto de braços com nossa presidenta. Falou-se que era cotada para ocupar uma pasta em algum ministério, o que afinal não se confirmou. Mas a especulação certamente tinha algum fundamento. Creio que tal fato não ocorreu devido às perdas eleitorais que adviriam para ambos os lados caso se concretizasse o absurdo.
Em 2011, Kátia Abreu deixou o DEM para ingressar no PSD. O partido de Kassab seria uma ponte de aproximação com o governo, mas após a breve estadia na legenda que não é de direita nem de esquerda nem situação nem oposição nem porra nenhuma, a musa ruralista ingressou no último dia 3 de outubro, no PMDB, partido da base governista. Vai disputar por essa sigla a reeleição para o senado. Acho que não poderia haver pior notícia para aqueles que vêem na reforma agrária um meio de fazer justiça nesse país.
Com tudo isso, pode-se dizer que 2013 foi um ano perdido na resolução do problema que vem se arrastando desde o século 16: dar terra para quem nela trabalha.



Nenhum comentário:

Postar um comentário