Estamos no final
de outubro. Pouco mais de dois meses nos separam do próximo ano e só agora a
Presidenta Dilma assinou o primeiro ato de desapropriação de terras para fins
de reforma agrária, do ano.
Não que a
presidenta não se dê conta da importância da redistribuição de terras para redistribuir
renda e fazer-se justiça aos milhões de trabalhadores rurais sem terra. Não é
isso. Não falta à nossa presidenta nem sensibilidade social nem conhecimento
dos problemas do país, mas Dilma Roussef é herdeira das alianças espúrias
feitas por seu partido com o que há de mais abjeto na política nacional.
Essas alianças
vêm desde o governo Lula e ganharam espaço dentro do governo Dilma. Afinal, com
a defecção de muitos aliados de primeira hora como o PSB de Eduardo Campos e a ala
verde encabeçada por Marina Silva, que partem em busca de carreira solo, os
articuladores políticos do governo e do PT, para ganhar eleições e garantir a tal
governabilidade, fazem qualquer negócio.
Entre essas
alianças a mais nociva aos interesses do país é a que o PT perpetrou com o
latifúndio. Essa aliança, que a cada dia é mais explícita, começa a
desestabilizar as relações do governo com o MST, até aqui pacífica e de
confiança. Prova disso foram as mobilizações que o movimento comandou nos
últimos dias em que vários órgãos governamentais foram tomados por seus
militantes.
Um exemplo dessa aliança perversa com o
latifúndio? O novo código florestal. Outro? A impunidade reinante para os
crimes contra lideranças indígenas e camponesas.
Posição tão
cômoda levou os representantes do agronegócio (ou agrobusines, como gostam de
falar nossos caipiras milionários) para a ofensiva. Já não lhes basta paralisar
a tímida reforma agrária que aqui é feita somente sobre terras improdutivas. Agora
partem em busca de reservas indígenas e ambientais.
A senadora Kátia
Abreu, Presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e sua voz no
parlamento, deu de escrever disparates nos jornais. Em sua coluna na Folha de São
Paulo faz afirmações esdrúxulas, tece teses antropológicas estapafúrdias, cita
estudos encomendados, ameaça. E das ameaças parte-se para os fatos.
Não faz muito
tempo vimos a senadora do Tocantins descendo a rampa do Palácio do Planalto de braços com nossa presidenta.
Falou-se que era cotada para ocupar uma pasta em algum ministério, o que afinal
não se confirmou. Mas a especulação certamente tinha algum fundamento. Creio
que tal fato não ocorreu devido às perdas eleitorais que adviriam para ambos os
lados caso se concretizasse o absurdo.
Em 2011, Kátia
Abreu deixou o DEM para ingressar no PSD. O partido de Kassab seria uma ponte
de aproximação com o governo, mas após a breve estadia na legenda que não é de
direita nem de esquerda nem situação nem oposição nem porra nenhuma, a musa ruralista
ingressou no último dia 3 de outubro, no PMDB, partido da base governista. Vai
disputar por essa sigla a reeleição para o senado. Acho que não poderia haver
pior notícia para aqueles que vêem na reforma agrária um meio de fazer justiça
nesse país.
Com tudo isso, pode-se
dizer que 2013 foi um ano perdido na resolução do problema que vem se
arrastando desde o século 16: dar terra para quem nela trabalha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário