Nunca acreditei nesse negócio de “diga-me com quem tu andas e
te direi quem és”. Aprendi desde pequeno
que na mitologia cristã, Jesus andava com Judas e Judas andava com Jesus e na
história do Brasil, que Joaquim José andava com Silvério dos Reis e Silvério
dos Reis andava com Joaquim José.
O Raul já andou com o Paulo Coelho, John Lennon andou com os
Hare Krishna e teve gente que andou comigo. Portanto, não é por aí.
Mas quando se trata de política, o buraco é mais embaixo. As
companhias, alianças e apoios dizem muito do candidato, do seu passado e de seu
futuro. Veja o caso do Aécio e suas conexões com os Perrela.
Se o tucano tem pé de
barro, pelo menos pode se vangloriar de sua coerência, afinal o que ele
representa mesmo é o interesse da burguesia nacional e do grande capital
especulativo. Mas, verdade seja dita, Aécio sempre foi o mesmo playboy de
província e sempre andou com os mesmos, inclusive com os Perrela de quem é
padrinho político. Tem uma trairagem aqui outra ali, mas isso faz parte de seu
estilo de vida e o de sua classe social.
Esse não é o caso de Marina Silva. De aliada e colaboradora
de Chico Mendes, militante petista, e porta-voz da política sócio-ambiental,
Marina passou a andar com Madame Itaú. E não só com ela. Seus apoios vão de
Silas Malafaia e Marco Feliciano aos generais de pijama do Clube Militar.
Marina tem cultivado com afinco esses apoios, essas novas amizades e anda daqui
pra lá com a fina flor da burguesia paulista. Já apagou parte do programa de
governo do partido que acolheu seu projeto pessoal para agradar donos de
igrejas pentecostais e mudou de opinião sobre a revisão da lei de anistia para
colher simpatias de milicos e torturadores.
Também o dono da Natura, empresa que explora o trabalho
precário de suas “consultoras”, faz parte da corriola de Marina. Sem contar
membros do tucanato bem pensante como André Lara Resende e Eduardo Giannetti.
Marina tenta levar seu eleitorado para o mundo maravilhoso do
bundalelê ideológico, onde Chico Mendes é elite e Madame Itaú é educadora. Onde
não há luta de classes nem esquerda nem direita. Marina, agora, anda de mão em
mão.
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