segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Voto útil 2. A missão



Não acredito em voto útil. Acredito, isso sim, no voto por convicção. O sistema eleitoral brasileiro, depois da adoção do 2º turno nas eleições majoritárias, proporciona, antes de tudo, o voto ideológico, o voto em princípios éticos e políticos.
Mas aconteceu o fenômeno Marina da Silva que em menos de duas semanas deixou Aéreo Neves para trás e empatou com Dilma nas pesquisas de intenção de votos. É nesse clima que começo a cogitar o voto útil em Dilma para ajudar a evitar a catástrofe.
Parece que o povo tem a capacidade inata de crer em candidatos messiânicos e oportunistas. Assim foi com Jânio e Collor. Como no caso de Marina, as candidaturas do maluco e do empalado se amparavam no discurso grandiloqüente e vazio, nas frases de efeito e na ausência de um programa sério de governo. Tal como Jânio, Marina se vê acima dos partidos. Tanto é assim que já usou o PV e agora usa o PSB para seu projeto pessoal,e como Collor, pariu um partido próprio para o mesmo fim. No caso da eco-evangélica, o atropelo da pressa não permitiu o registro da sigla em tempo hábil, daí a necessidade da barriga de aluguel.
O episódio do pito de Malafaia que fez Marina botar o galho dentro juntamente com toda a cúpula do PSB, nos dá uma mostra eloqüente de como seria um governo encabeçado (ou descabeçado?) pela acreana.
Mas se a parte expurgada do programa de governo mostra a que tipo de retrocesso estaríamos expostos caso Marina vencesse as eleições, o que não foi mexido, talvez por não estar entre as preocupações de Malafaia, é o que realmente deveria nos aterrorizar.  Marina propõe, entre outras coisas, o abandono do programa do pré-sal. Deseja a pseudo ambientalista que usemos a terra, não para plantar alimentos e sim para plantar combustíveis.Os recursos investidos e a tecnologia adquirida pela estatal petroleira seriam atirados no lixo para que Marina continuasse posando de salvadora do planeta enquanto entregasse a segurança energética nas mãos do latifúndio monocultor.
A proposta, que encontra eco entre muitos preservacionistas de não sei o quê, foi ovacionada  quando a candidata se apresentou para uma platéia formada por latifundiários plantadores de cana do nordeste. Claro.
Marina também quer a autonomia do Banco Central. A proposta, que fez furor no auge do neo liberalismo e que deixou de ser mencionada até mesmo pelos tucanos, certamente foi sugestão de Madame Itaú. Mesmo Lara Resende, que já deu pitacos sobre  nova política para Collor e FHC, não deve ser um grande entusiasta desse choque de liberalismo, principalmente depois da crise mundial do capitalismo que teve sua origem na falta de regulamentação do sistema financeiro americano.
Abrir mão do Banco Central como ferramenta de política econômica e entregá-lo aos interesses do mercado financeiro é, para dizer o mínimo, de uma irresponsabilidade que só pensaríamos ver no programa de governo do Pastor Everaldo.  
O programa de governo proposto pelo PSB é o retrato de Marina: confuso, titubeante, prolixo e vazio. Vai do voluntarismo pueril ao mais descarado oportunismo.
Não tenho dúvida que a eleição de Marina Silva seria uma catástrofe para o país  assim como foram as eleições de Jânio  e de Collor e com conseqüências imprevisíveis.


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