quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O candidato e a bicicleta.



 De uma coisa, por incrível que pareça, ninguém discorda: o trânsito nas cidades brasileiras é um inferno. Quanto às ações para sua melhoria, há controvérsias. Para os políticos, financiados pelas empreiteiras, só existe  uma solução: obras. Obras caras, obras demoradas. Obras que, com o passar do tempo vão requerer aditivos, majoração dos preços e muita caixinha.
De vez em quando surge alguém com uma idéia para melhorar o trânsito sem gastar uma nota preta e é logo combatido e ridicularizado. O ceticismo interesseiro em torno do que não exige desembolsos vultosos do poder público é uma praxe.
Contudo, há vezes em que a solução é tão gritantemente eficaz que derruba os argumentos dos gastadores. Esse foi o caso da implantação pela prefeitura paulistana das faixas para bicicletas.
A medida da prefeitura nada tem de novidade. É o que há de mais comum em qualquer país minimamente moderno. Mas houve gente que não gostou das ciclovias paulistanas. Os moradores de Higienópolis protestaram. Fizeram boletim de ocorrência na delegacia e o escambau.
Os chiliques da burguesia paulistana não causam espanto em ninguém. Não há quem represente melhor a arrogância e o sentimento de superioridade de classe que os ricaços e riquinhos da capital paulista. Basta um piti dos “bem nascidos”, para que obras sejam executadas ou deixem de sê-lo. Até estação do metrô foi mudada de lugar para não incomodar os que se julgam donos da cidade.
Mas agora a burguesia paulistana já não precisa se expor diante dos microfones e câmeras de TV para exigir o que lhes cabe por direito divino. Surgiu um paladino para dar voz aos fortes e opressores. Esse representante da causa dos endinheirados é Aloysio Nunes Ferreira, candidato a vice presidência na chapa de Aéreo Neves.
O homem anda cuspindo marimbondo por causa das faixas para bicicletas que impedem que os proprietários de carros importados estacionem gratuitamente ao longo das vias nos bairros nobres da capital.

Nunes Ferreira, que foi secretário de Negócios Metropolitanos na gestão de  Luís Antônio Fleury, vice-governador e secretário de governo da prefeitura na administração Serra/Kassab, além de xingador profissional de jornalistas, acusa o prefeito Haddad de espalhar ciclovias sem consultar os moradores de Higienópolis. Pois é, essa é a acusação: espalhar ciclovias. Um escândalo. 

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