sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Torcida racista

Nos meus vinte anos, que foram passados sob o regime autoritário, eu pensava que, caindo o governo dos milicos, nosso povo poderia manifestar todas nossas qualidades de povo solidário e cordial. Que nossa sociedade, assim que se libertasse do autoritarismo e daquelas patéticas pessoas que comandavam o país, faria brotar a justiça e a concórdia. Ledo engano, Ledo Ivo engano.
Nossa sociedade não só apoiou a ditadura como dela faz apologia nos dias de hoje. Basta ler os comentários dos sítios de notícias da internet, para ver o quanto a sociedade brasileira é autoritária, violenta e boçal. Prova disso são as seguidas reeleições de Jair Bolsonaro, ativo defensor da tortura, e de outros como ele.
Porém quando as manifestações de intolerância, desrespeito e estupidez transbordam os limites da polêmica e do contraditório, há sempre alguém para dizer que tais manifestações são de uma minoria e que não se pode generalizar.
Veja se não é o caso do goleiro Aranha que, dias atrás, foi vítima de injúria racial no estádio do Grêmio.
No jogo de ontem, Aranha foi novamente hostilizado pela torcida gremista. Já não usaram da ofensa racial, mas bastava o arqueiro tocar na bola para que uma enorme vaia ecoasse pelo estádio. Em outros momentos, trocaram o xingamento de macaco pelo de viado. O racismo pela homofobia. No fim do jogo, repórteres gaúchos ao entrevistarem o arqueiro santista,quiseram fazer-nos crer que a vaia fora normal. Uma vaia como qualquer outra. Não, não foi uma vaia como qualquer outra. Naquelas vaias de ontem estava a concordância explícita com a moça que, no jogo anterior, gritava macaco, macaco, macaco.
Depois do primeiro episódio, nossa imprensa esportiva, de certo com medo de melindrar os gaúchos, repetiu, sempre que as imagens da torcedora racista era exibida, que aquilo fora coisa de uma minoria e que não se podia generalizar. O que aconteceu ontem mostrou que tal tese está incorreta. A imensa maioria do público presente no estádio, ao vaiar Aranha convalidou a atitude de Patrícia Moreira, deu-lhe apoio, foi-lhe solidária.

Pode-se dizer, sem medo de cometer generalizações injustas, que a imensa maioria da torcida gremista é racista.

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