Entre as propostas de reforma política algumas chegam a ser
bizarras. O voto distrital me parece ser uma dessas bizarrices.
Os que defendem esse tipo de eleição, argumentam que haveria
uma maior aproximação entre o eleitor e seu representante. Basta ver a atuação
dos vereadores das grandes cidades para ter-se a certeza que tal aproximação,
quando existe, é pervertida. Formam-se currais, trabalha-se no varejão dos
favores pessoais, do assistencialismo e das pequenas demandas locais. Ora, um
deputado federal não é um vereador. Cabe aos deputados federais discutir os
grandes temas nacionais. Se hoje, alguns deputados se comportam como vereadores,
distribuindo favores locais em troca de apoio em uma futura reeleição, são
outros quinhentos. Não é convalidando tal prática que se irá melhorar a
representatividade.
Segundo li, já ouve voto distrital na época do império e o
resultado foi a formação de currais eleitorais e a predominância do
coronelismo. Muitos dos vícios da política brasileira vêem daí.
Outra proposta que sempre vem à baila quando se discute
reforma política é a lista fechada. Uns a propõem totalmente fechada e outros uma
lista pós-ordenada com o intuito, creio, de minimizar a influência dos donos de
partidos na confecção das listas. Ainda que se use desse artifício, não me
parece uma medida capaz de aperfeiçoar a democracia, pelo contrário. Quando
lemos o levantamento que aponta que 98 candidatos a uma cadeira na câmara baixa
são parentes de políticos, fica claro que os clãs tendem a dominar a política. Uma
lista, seja totalmente fechada ou pós-ordenada, traria à cabeça filhos, esposas
e a parentada em geral dos donos de legendas. O PMDB, maior partido do país,
está aí para dar todos os exemplos da influência dos poderosos na escolha dos
postulantes.
Não sei se é o caso, mas poder-se-ia citar a tradição
eleitoral do país para defender-se o voto nominal. Outro fato favorável à
manutenção do voto nominal é que ele não é obrigatório, é possível votar na
legenda partidária, o que é quase um voto em lista pós-ordenada. Talvez haja
alguma maneira de aperfeiçoar essa ferramenta para torná-la mais popular e mais
efetiva, sem retirar o direito ao voto nominal.
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