O Merval Pereira, além de ser imortal e usar uns paletós
maneiros, também dá opiniões sobre política. Dizem até, que ele recebe salário para fazer
isso.
Pois bem, Merval é fiador da tese de que o aeroporto de Aécio
foi feito dentro da maior legalidade, que está tudo certim. Mesmo que as terras
desapropriadas tenham sido de um tio do então governador e que a cidade de Cláudio
possua pouco mais de 20 mil habitantes, ainda assim, nada chama à atenção do
preclaro jornalista. Segundo Merval, não há o que se contestar. Há laudos
técnicos, pareceres e, segundo Merval, o desapropriado queria muito mais pelas
terras do que foi pago pelo governo mineiro. O fato do tio ter entrado na
justiça contestando os valores recebidos, seria a prova cabal da lisura da
transação. Merval não aventa um jogo de cena na postura do tio de Aécio.
Por duas vezes ouvi Merval Pereira na rádio CBN sustentando essa teoria da legalidade e dando
um conselho aos políticos. Dizia o homem dos paletós bem cortados que, quando
se trata de dinheiro público, é melhor evitar negócios com parentes. Um
conselho, nada mais.
De onde vem a certeza de Merval Pereira sobre esses fatos? Você certamente perguntará. Não há certeza alguma e sim o fato de Merval nos tomar por idiotas patológicos.
Agora é a vez de outros colunistas cobrarem a fatura de nossa
cretinice incurável. Esses colunistas não estão na mesma trincheira que Merval,
muito pelo contrário, nem freqüentam seu alfaiate, mas têm a mesma visão sobre
seu público leitor.
Claro, é o caso da compra da refinaria de Pasadena e seus
desdobramentos.
Em depoimento na CPI que investiga o caso, Dona Graça Foster admitiu que a
compra da refinaria foi um mal negócio. Parecia que bastaria uma investigação
para apurar responsabilidades e se poria um ponto final no assunto. Só que não.
Dias atrás, a imprensa divulgou que Dona Graça havia
transferido seus bens para os filhos. E o que lemos na imprensa oficialista?
Que foi tudo dentro da lei e que a transferência havia sido iniciada antes de
estourar o escândalo da compra super faturada da refinaria de Pasadena. Ou seja:
estava tudo certim. Esses jornalistas creem, ou querem nos fazer crer, que Dona Graça de nada desconfiava e foi suspreendida, como nós, com os números da operação feita pela empresa que ela dirige. Não lhes ocorreu que Dona Graça poderia ter se antecipado aos fatos. Depois do depoimento de Paulo Roberto Costa, diretor do setor de Refino e Abastecimento da petroleira, à Polícia Federal, o que estranhamos é que o escândalo não tenha estourado antes, pois, segundo o denunciante, era muita gente envolvida e muita, muita grana rolando.
Mas não só os vivos fazem coisas do outro mundo, os defuntos também, afinal esse é seu mister. Li hoje, que
Eduardo Campos, um dia depois de ter morrido fez uma doação milionária para a
campanha de Marina Silva. O PSB desmente categoricamente que houve tal doação. Diz o partido, em nota oficial, que os recursos
foram apenas transferidos do CNPJ do candidato Campos para o CNPJ do comitê de
campanha. Quem fez a transferência, a nota não diz. Nem explica se os doadores
de Campos estão de acordo em financiar a campanha de Marina. Mas juridicamente,
eles garantem, que está tudo certim. Há controversias.
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